O empresário Abilio Diniz suspendeu "temporariamente" a proposta de fusão dos distribuidores Carrefour e CBD-Pão de Açúcar, após os administradores do grupo francês Casino e o BNDES terem rejeitado a operação.
O grupo Gama e o banco disseram que se tratava de "uma proposta amigável, sujeita à aprovação dos acionistas e em acordo com os contratos vigentes", disse o texto.
De qualquer forma, a nota destacou a "oportunidade excepcional" que significaria a fusão, que ofereceria "um enorme potencial de crescimento e relevantes ganhos para todos os acionistas, incluindo o grupo Casino".
Durante uma reunião extraordinária, o conselho de administração "constatou por unanimidade, à exceção de Abílio Diniz, que o projeto é contrário aos interesses" da CBD Pão de Açúcar, "de todos os seus acionistas e da Casino", declarou o grupo em um comunicado.
O BNDES já havia anunciado que não participaria da fusão: o banco "cancelou sua participação na operação (...) devido ao não cumprimento das condições estabelecidas (...) incluindo a falta do entendimento de todas as partes envolvidas".
O projeto de aquisição apresentado pelo Carrefour no dia 28 de junho entre a número 1 e a número 2 do varejo brasileiro visava criar um gigante capaz de gerar 30 bilhões de euros em vendas, com sinergias estimadas entre 600 e 800 bilhões de euros.
O conselho de administração da Casino também considerou que o projeto inclui "uma estimativa das sinergias fortemente supervalorizadas", com riscos de implementação "significativos".
Ele também indicou que o projeto é "muito diluente para os acionistas" da CBD, e também "destruidor de valor com a transformação da GPA em uma holding" sofrendo "um forte desconto".
Segundo a Casino, o projeto de aquisição entre a GPA e as atividades brasileiras do Carrefour "baseia-se em uma visão estratégica errônea", na medida em que causará um "reforço significativo" sobre o hipermercado, um tipo de estabelecimento "em declínio", assim como "um desenvolvimento geográfico sem controle em regiões com fraco crescimento".
Os administradores da Casino também alertaram para uma expansão internacional da GPA por meio de uma aquisição de participação minoritária no capital do Carrefour, muito dependente dos mercados desenvolvidos, enquanto as perspectivas de crescimento estão nos países emergentes.
Além disso, a Casino questiona o valor das sinergias anunciado, "que colocariam em 3,2% a receita de 2010" combinada das empresas, "contra uma média da ordem de 1%" das "dez operações comparáveis".
O conselho de administração da Casino também reafirmou "o seu compromisso com a política de desenvolvimento internacional" do grupo "centrada nos países de forte crescimento".
Até o momento a Casino, que obteve uma participação na CBD Pão de Açúcar em 1999, aguardava tranquilamente a chegada de 2012, data a partir da qual o pacto de acionistas assinado com a família Diniz a autoriza a assumir o controle de sua filial no Brasil.
Jean-Charles Naouri, presidente da Casino, havia classificado este projeto de "hostil" e de "ilegal", e, depois, "de erro estratégico".
Um conselho de administração da Wilkes, holding comum da Casino e dos Diniz, que inclui a CBD, está previsto para 2 de agosto.