Por causa do aumento do custo do crediário, o consumidor da cidade de São Paulo está mais cauteloso na hora de fazer compras a prazo. Mas essa cautela ainda não é suficiente para alterar as expectativas de vendas do comércio varejista neste segundo semestre. É o que mostram os dados de uma pesquisa com 500 consumidores feita pelo Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), em conjunto com a Felisoni Consultores Associados.
O levantamento mostra que 72,4% dos entrevistados continuam dispostos a comprar bens duráveis no terceiro trimestre, ante 75,6% que declararam a mesma intenção no terceiro trimestre de 2010. Mesmo com essa queda de 3,2 pontos percentuais, o índice está acima da média de 60% da série histórica, que começou em 2003.
Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Provar, o resultado da pesquisa deve ser motivo de preocupação para o governo, que espera uma queda do consumo com as medidas de restrição ao crédito adotadas recentemente para
Em sete das dez categorias pesquisadas sobre o interesse de comprar pelo crediário, houve redução do desejo de consumo. No caso de automóveis e motocicletas, a intenção de compra caiu 24,2% entre o segundo e o terceiro trimestres. A segunda maior queda se deu na intenção de compra de produtos da linha branca, de eletrodomésticos como geladeiras, lavadoras e fogões (-22,6%).
Os produtos eletroeletrônicos mantêm-se à frente na preferência de consumo (12,8%) . Este percentual é ligeiramente superior ao registrado no segundo trimestre (12%) e supera o índice medido em igual período do ano passado (10,4%). Na segunda posição está a intenção de consumo de produtos de informática (11,4%). Cine e foto ocupam o terceiro lugar, com queda de 15,8% sobre o mesmo período do ano passado (de 12,6% para 10,6%).
A queda da intenção de consumo, segundo Felisoni, está diretamente associada ao aumento da taxa média anual de juros, qua passou de 41,5% em maio de 2010 para 46,8% em maio deste ano. Felisoni atribuiu à demanda ainda aquecida o crescimento da massa salarial da indústria (8,05% entre março do ano passado e março deste ano) e, em especial, ao avanço do setor de serviços. Na análise dele, a melhora de renda das famílias que ganham entre quatro e dez salários mínimos é o que tem impulsionado os negócios.