A criação de vagas pela indústria paulista não deve ter grandes variações no segundo semestre. Essa é a avaliação do diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, para quem os números, de uma maneira geral, indicam e continuarão indicando estabilidade. Segundo ele, isso já era esperado, pois os fatores que têm contribuído para a desaceleração do nível de atividade permanecem. Ele citou, por exemplo, o avanço da inflação e a necessidade de ações do Banco Central, tanto por meio de restrições ao crédito como pela elevação da taxa Selic (juro básico da economia), como motivos para a leve queda na criação de vagas em junho.
"Esse quadro atingiu a atividade de diversas maneiras. A inflação corrói a renda e, portanto, afeta a demanda. O aumento da Selic torna o crédito mais caro e também contribui para essa estabilidade", explicou. Francini citou ainda a contínua valorização do real em relação ao dólar como outro motivo para a "aquietação" da atividade industrial. "Na medida em que o coeficiente de importação cresce como vem ocorrendo devido à desvalorização do dólar, isso também tira um pouco da atividade local, fazendo
Além de fatores sazonais, Francini disse que a importação está entre os principais responsáveis pelo recuo do nível de emprego visto em alguns setores, como artefatos de couro, calçados e artigos para viagem, que cedeu 1,2% em junho ante maio e acumula queda de 6% no ano; e produtos têxteis, com baixa de 0,8% no mês passado e de 0,7% em 2011, de acordo com dados divulgados hoje pela Fiesp. Pelo lado positivo, mas também com a criação de poucas vagas no mês de junho, o destaque foi o setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, com 674 vagas. No ano, o avanço deste segmento é de 7,9%.
No mês passado, o segundo setor que mais gerou postos, o de coque, petróleo e biocombustíveis, teve variação positiva de apenas 365 vagas. "No que diz respeito à criação de empregos, esse deve ser um ano de debilidade e fraqueza. Não deve haver grandes quedas nem grandes altas daqui para frente", frisou Francini. No ano, o setor que continua sendo o grande criador de vagas é o de alimentos, com avanço de 21,3%, seguido pelo segmento de coque, petróleo e biocombustíveis, com 20%.