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Estado de Minas

Grécia se encaminha para uma suspensão parcial dos pagamentos


postado em 16/07/2011 14:40

Após 18 meses de uma corrida contra o relógio, a Grécia, preocupada com a magnitude da sua recessão e com os seus credores, se encaminha para a categoria de países com suspensão parcial de pagamentos, uma situação inédita na Zona do Euro. Esta semana, alguns países europeus sócios e credores da Grécia romperam o tabu e deixaram escapar que não se descartava a opção de uma "suspensão parcial de pagamentos" para este país e sua dívida de 350 bilhões de euros (150% do PIB).

Oficialmente, Atenas disse que não deixará de pagar parte da sua dívida, já que uma suspensão parcial nos pagamentos geraria um "terremoto" na Zona do Euro. No entanto, as soluções buscadas com urgência para implementar um segundo pacote de ajuda à Grécia, e que envolve credores privados, podem ser consideradas pelas agências de classificação como um "acontecimento de crédito".

Isso significa, no jargão da economia, que o país passaria a ser enquadrado em uma categoria de default parcial. A cúpula extraordinária da Zona do Euro, que será realizada em 21 de julho, deve esclarecer as modalidades do segundo plano internacional de ajuda à Grécia.

"Não se pode confundir a avaliação de uma agência de classificação financeira com um fato econômico real", se apressou a esclarecer Evangelos Venizelos, ministro grego das Finanças, antecipando uma possível classificação do país na categoria de

default parcial. "O termo 'default parcial' assusta, mas não há razão para isto", garantiu.

Há mais de um ano inúmeros analistas do mercado, "gurus" de Wall Street ou da imprensa econômica de Londres, dizem que a Grécia não poderá se salvar apesar da ajuda financeira da Zona do Euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Atenas se defende afirmando que tais analistas são especuladores, atraídos pelos grandes lucros dos CDS, seguros contra as suspensões dos pagamentos.

O primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou tenta explicar há meses aos demais governos europeus, em geral conservadores, que uma suspensão dos pagamentos deve ser evitada e a crise da dívida e do euro, resolvida com o lançamento de euro-obrigações. A esquerda radical, no entanto, aposta na suspensão dos pagamentos. "Não há dúvidas. A Grécia entrará em default", afirmou à AFP Costas Lapavitsas, professor de Economia da Universidade de Londres, partidário de uma suspensão unilateral dos pagamentos em nome da defesa do povo contra a hegemonia dos mercados.

Enquanto Papandreou advertia na quinta-feira para os desafios "cruciais" dos próximos dias, um alto funcionário do setor bancário do país, que pediu anonimato, contou à AFP que a Grécia entrava esta semana em um "terreno desconhecido". No entanto, a Grécia e a zona do euro podem "se salvar", considera Yannis Varoufakis, professor de Economia da Universidade de Atenas.

Para tal, são três as condições. "Os europeus devem unificar rapidamente grande parte da dívida europeia, recapitalizar os bancos em dificuldades e lançar um massivo programa de investimentos". "Nos Estados Unidos, quando um banco de Nova York tem dificuldades, não é o estado de Nova York que ajuda na recapitalização, é o governo federal", encerra.


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