Brasília – Onze anos depois de o mundo acompanhar assombrado o estouro da bolha das empresas pontocom, nascidas no início da popularização da internet, a euforia volta a tomar conta da Nasdaq, bolsa de valores responsável por negociar papéis das principais marcas de tecnologia. Com o iminente anúncio da abertura de capital, companhias da web estão vendo o seu valor se multiplicar da noite para o dia. O movimento vem fazendo com que o mercado acenda a luz amarela com o temor de que o velho filme, que terminou com a falência de centenas de negócios e a perda de bilhões de dólares, se repita.
O sucesso alcançado por sites de redes sociais e, mais recentemente, de compras coletivas vem mexendo com os investidores, que enxergam na onda de abertura de capital uma excelente oportunidades de gerar ganhos. A primeira a fazer um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) foi a LinkedIn. Criada em 2004 com a intenção de reunir pessoas numa rede de contatos profissionais, a companhia teve o valor inicial de mercado avaliado em US$ 4 bilhões, quase 16 vezes o seu faturamento anual. No primeiro dia de negociações, as ações tiveram uma valorização de 106%, fazendo com que a empresa dobrasse de valor e ultrapassasse US$ 8 bilhões.
Previsto para até o fim do ano, o IPO do Facebook já fez com que o valor do site criado por Mark Zuckerberg saltasse de US$ 14 bilhões para US$ 80 bilhões nos últimos dois anos. O microblog Twitter, que faturou US$ 45 milhões no ano passado, foi avaliado, recentemente, em US$ 3,7 bilhões. Já o Groupon, maior site de compras coletivas do mundo, recusou uma proposta de aquisição no valor de US$ 6 bilhões feita pelo Google por considerar que a empresa pode valer até US$ 15 bilhões quando abrir o capital.
No entanto, o alvo dos investidores não se resume aos grandes sites. Com apenas quatro anos de existência, o desconhecido The Naturally Curly Network, uma rede social que se propõe a reunir pessoas que têm cabelo encaracolado, foi avaliado em US$ 2 milhões e, recentemente, recebeu um aporte de US$ 1,2 milhão de um fundo de capital de risco norte-americano.
VOLTA AO PASSADO A sensação de dejà vú, com estimativas distorcidas e valorizações extremamente rápidas, levanta questionamentos sobre o ressurgimento de um movimento especulativo. “Se a história servir como algum indicador, podemos ver que a maioria dos elementos que formaram a bolha de 2000 está presente no cenário atual, incluindo a rápida valorização de marcas, um mercado confiante, com muita especulação e excesso de liquidez (recursos disponíveis)”, escreveu a analista financeira Dian Chu ao site Daily Markets.
Segundo Greg Sushinsky, investidor norte-americano que há 20 anos atua no Vale do Silício, a euforia com as marcas eletrônicas está de volta. “A valorização dos IPOs das companhias de internet realmente está acima do normal”, disse. “É comum vermos euforia, mas vale lembrar que toda aposta em inovação representa um risco. Por isso, é importante aprendermos com as lições do passado para que elas não se repetam”, ponderou o coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Affonso Souza.
MEMÓRIA
O primeiro estouro
Com o início da popularização da internet, entre 1995 e 1999, o mundo viu nascer centenas de empresas na web que estavam dispostas a oferecer os mais diversos serviços, de reservas de hotéis à entrega on-line de frutas e verduras. Entre 1995 e 2000, aproximadamente 400 companhias pontocom abriram capital na Nasdaq. Do dia para a noite, marcas que mal tinham uma sede fixa levantaram milhões de dólares. Embalados pelo otimismo e desconsiderando o pouco conhecimento que cercava o ambiente web, investidores apostaram muito dinheiro nessas firmas. As especulações dominaram o mercado, fazendo com que o índice Nasdaq atingisse a marca recorde de 5.132 pontos, quase o dobro de um ano antes. Em 10 de março de 2000, no entanto, a bolha não aguentou. Após a divulgação de maus resultados financeiros de muitas dessas empresas, os investidores desencadearam uma reação de vendas de papéis. O índice despencou quase 500 pontos em cinco dias. Grande parte das chamadas empresas pontocom criadas no fim da década de 1990 foi vendida por preços irrisórios ou desapareceu, criando um enorme prejuízo para investidores e causando um certo descrédito do mercado em relação à viabilidade das companhias da internet. Hoje, passados 11 anos da crise, a Nasdaq opera em torno de 2.700 pontos.
O sucesso alcançado por sites de redes sociais e, mais recentemente, de compras coletivas vem mexendo com os investidores, que enxergam na onda de abertura de capital uma excelente oportunidades de gerar ganhos. A primeira a fazer um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) foi a LinkedIn. Criada em 2004 com a intenção de reunir pessoas numa rede de contatos profissionais, a companhia teve o valor inicial de mercado avaliado em US$ 4 bilhões, quase 16 vezes o seu faturamento anual. No primeiro dia de negociações, as ações tiveram uma valorização de 106%, fazendo com que a empresa dobrasse de valor e ultrapassasse US$ 8 bilhões.
Previsto para até o fim do ano, o IPO do Facebook já fez com que o valor do site criado por Mark Zuckerberg saltasse de US$ 14 bilhões para US$ 80 bilhões nos últimos dois anos. O microblog Twitter, que faturou US$ 45 milhões no ano passado, foi avaliado, recentemente, em US$ 3,7 bilhões. Já o Groupon, maior site de compras coletivas do mundo, recusou uma proposta de aquisição no valor de US$ 6 bilhões feita pelo Google por considerar que a empresa pode valer até US$ 15 bilhões quando abrir o capital.
No entanto, o alvo dos investidores não se resume aos grandes sites. Com apenas quatro anos de existência, o desconhecido The Naturally Curly Network, uma rede social que se propõe a reunir pessoas que têm cabelo encaracolado, foi avaliado em US$ 2 milhões e, recentemente, recebeu um aporte de US$ 1,2 milhão de um fundo de capital de risco norte-americano.
VOLTA AO PASSADO A sensação de dejà vú, com estimativas distorcidas e valorizações extremamente rápidas, levanta questionamentos sobre o ressurgimento de um movimento especulativo. “Se a história servir como algum indicador, podemos ver que a maioria dos elementos que formaram a bolha de 2000 está presente no cenário atual, incluindo a rápida valorização de marcas, um mercado confiante, com muita especulação e excesso de liquidez (recursos disponíveis)”, escreveu a analista financeira Dian Chu ao site Daily Markets.
Segundo Greg Sushinsky, investidor norte-americano que há 20 anos atua no Vale do Silício, a euforia com as marcas eletrônicas está de volta. “A valorização dos IPOs das companhias de internet realmente está acima do normal”, disse. “É comum vermos euforia, mas vale lembrar que toda aposta em inovação representa um risco. Por isso, é importante aprendermos com as lições do passado para que elas não se repetam”, ponderou o coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Affonso Souza.
MEMÓRIA
O primeiro estouro
Com o início da popularização da internet, entre 1995 e 1999, o mundo viu nascer centenas de empresas na web que estavam dispostas a oferecer os mais diversos serviços, de reservas de hotéis à entrega on-line de frutas e verduras. Entre 1995 e 2000, aproximadamente 400 companhias pontocom abriram capital na Nasdaq. Do dia para a noite, marcas que mal tinham uma sede fixa levantaram milhões de dólares. Embalados pelo otimismo e desconsiderando o pouco conhecimento que cercava o ambiente web, investidores apostaram muito dinheiro nessas firmas. As especulações dominaram o mercado, fazendo com que o índice Nasdaq atingisse a marca recorde de 5.132 pontos, quase o dobro de um ano antes. Em 10 de março de 2000, no entanto, a bolha não aguentou. Após a divulgação de maus resultados financeiros de muitas dessas empresas, os investidores desencadearam uma reação de vendas de papéis. O índice despencou quase 500 pontos em cinco dias. Grande parte das chamadas empresas pontocom criadas no fim da década de 1990 foi vendida por preços irrisórios ou desapareceu, criando um enorme prejuízo para investidores e causando um certo descrédito do mercado em relação à viabilidade das companhias da internet. Hoje, passados 11 anos da crise, a Nasdaq opera em torno de 2.700 pontos.