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Estado de Minas

Pequenas empresas sofrem apagão de mão de obra

Empresas de menor porte sofrem mais com a escassez de funcionários qualificados, segundo pesquisa do Sebrae-MG


postado em 19/07/2011 06:00 / atualizado em 19/07/2011 08:39

A escassez de mão de obra qualificada alcança níveis críticos nas micro e pequenas empresas de Minas Gerais, que já enfrentam uma concorrência suada com as grandes e médias companhias atrás de profissionais experientes em diversas áreas. Quase metade dos empreendimentos de menor porte têm muita dificuldade de contratar pessoal, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae Minas junto a 560 empreendedores de todo o estado. Além desse universo, que somou 46,8% do total da amostra, outros 17,9% informaram encontrar alguma dificuldade, totalizando 64,7%. O levantamento foi feito entre 13 e 22 de junho em empresas do comércio, indústria, construção civil e prestadoras de serviços como parte do estudo “Expectativas das micro e pequenas empresas mineiras”, preparado a cada trimestre pela instituição.

O apagão nos pequenos empreendimentos preocupa sobretudo naquelas empresas que nem poderiam sonhar em disputar com a capacidade dos concorrentes de pagar salários mais altos para reter um bom profissional, avalia Venússia Eliane Santos, analista da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas. “Se o poder de pagar melhor remuneração ou fazer uma capacitação própria for mais difícil, aumenta a discrepância em relação às médias e grandes empresas”, afirma. A pesquisa dá pistas de que há realidades diferentes, nesse sentido, no que se refere ao custo salarial, em função da dificuldade nas contratações. Das empresas consultadas, para 48% as despesas têm permanecido constantes, enquanto 36,9% declararam ter registrado alta nos custos.

Embora o problema seja generalizado, os empreendimentos da indústria e da construção civil é que informaram encontrar a maior dificuldade de contratar mão de obra qualificada e isso não quer dizer que se trata de gente de alto nível de escolaridade, pondera Venússia Santos. Mais de um quarto (25,8%) das empresas entrevistadas veem obstáculos na contratação de trabalhadores com curso técnico e 21,9% buscam, com pouco sucesso, candidatos que tenham formação em cursos de qualificação. O déficit de mão de obra é mais intenso nas regiões Leste e Sul de Minas, de acordo com o levantamento do Sebrae Minas, onde 52,6% e 50,5%, respectivamente, das micro e pequenas empresas têm muita dificuldade para contratar gente qualificada.

Sandra Lage agora é obrigada a disputar os bons operadores de máquinas com as grandes companhias(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Sandra Lage agora é obrigada a disputar os bons operadores de máquinas com as grandes companhias (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Pedreiros, serventes de pedreiro e carpinteiros na construção civil; vendedores no comércio e operadores de máquinas estão entre os trabalhadores mais procurados. O déficit vem se arrastando há pelo menos três anos, conta Sandra Toledo Lage, gerente financeira e administrativa da empresa da família Lage’s Serviços de Terraplenagem e Transportes Ltda, com sede em Belo Horizonte. “Antes era possível escolher os bons operadores de máquinas e agora precisamos de no mínimo dois meses concorrendo com as grandes empresas para contratá-los”, afirma. Há 20 anos no ramo, a microempresa emprega 12 pessoas, entre as quais oito são operadores. Neste mês, há duas vagas em aberto.

Sônia Lage conta que a saída tem sido investir no treinamento próprio de pessoal, o que não elimina a necessidade de tentar acompanhar os aumentos de salários, muitas vezes concedidos antes mesmo da data-base da categoria para tentar retê-los. Mesma dificuldade enfrenta Celso Silva, dono da Gráfica Júpiter, de Contagem, na Grande BH. O trabalhador qualificado mais difícil de ser contratado é o arte-finalista.

Palavra de especialista
Sem atrativos

Plínio de Campos Souza
coordenador da Pesquisa de Emprego e Emprego na Grande Belo Horizonte pela Fundação João Pinheiro

A disputa por profissionais já treinados é realidade, hoje, na Região Metropolitana de Belo Horizonte e deve continuar ocorrendo, à medida em que a taxa de desemprego diminuir. As próprias indústrias enfrentam o déficit de profissionais em várias áreas. Já vinham contribuindo com essa dificuldade, em geral, o desemprego relativamente baixo e o fato de um grupo de trabalhadores preferir ficar na escola, com o aumento de renda recente no país, e se inserir mais tarde no mercado de trabalho com melhor escolaridade. Há indicativos de que a dificuldade encontrada pelas pequenas empresas para contratar mão de obra passa pelos salários e por uma jornada de trabalho que não são atrativos. Considerando-se um cenário de contínua redução do desemprego, se as empresas não entenderem que têm de oferecer salários melhores e criar uma jornada de trabalho atrativa, essa dificuldade deve se acirrar.


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