A criação de postos de trabalho e a redução do desemprego não são mais os maiores desafios do mercado de trabalho brasileiro, segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Sérgio Mendonça. Na opinião dele, o país precisa, agora, priorizar melhorias na qualidade dos empregos já existentes e nos salários pagos.
Segundo Mendonça, a taxa de desemprego recorde divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o número de vagas criadas no país segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o mercado de trabalho no Brasil está aquecido. Apesar disso, disse ele, a remuneração dos trabalhadores ainda é baixa. "Somos um país que, historicamente, tem salários baixos”, disse Mendonça à Agência Brasil. “Precisamos melhorar a qualidade dos nossos empregos e o valor dos salários pagos aos trabalhadores para alcançarmos um desenvolvimento social ainda maior.”
Segundo ele, é preciso que o país invista na formação de seus trabalhadores para que as vagas de bons salários possam ser preenchidas. “Ainda temos um problema de formação básica. Precisamos investir na educação”, disse Mendonça. Sobre as perspectivas do mercado de trabalho para os próximos meses, a análise do economista é positiva. Ele afirmou que, no segundo semestre, a geração de vagas geralmente é maior que no primeiro semestre. Ele ressaltou, porém que os resultados consolidados do mercado em 2011 não devem ser tão bons quanto os alcançados no ano passado. "O emprego cresce no segundo semestre. Isso é sazonal”, explicou Mendonça. “Agora, o desaquecimento da economia como um todo pode fazer com que o crescimento das vagas não seja tão grande quanto o do final do ano passado.”
Em 2010, o Brasil criou mais de 2,5 milhões de vagas de trabalho. No primeiro semestre deste ano, segundo o Caged, já foram criados 1,41 milhão de empregos.