Dois indicadores mostram a importância de Belo Horizonte e cidades vizinhas para a rota do emprego no país. Nessa terça-feira pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) informou que a taxa de desocupação na região metropolitana fechou junho em 4,6%, o menor percentual para este mês desde o início da série histórica em 2002, e também o menor índice entre as seis capitais pesquisadas. A média nacional foi de 6,2%. Já à tarde, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), relevou que o total de carteiras assinadas na capital
subiu 5,2% na comparação entre o primeiro semestre deste ano e igual período de 2010 – de 35 mil para 36,8 mil. Na contramão, o número de empregos formais no Brasil despencou 13,5% no mesmo intervalo, de 1,63 milhão para 1,41 milhão. Na Grande BH também houve queda (-4,2%), entretanto, com percentual abaixo do registrado na média nacional.O setor de comércio na capital, segundo o Caged, teve alta de 0,15% no confronto entre os dois semestres pesquisados. A operadora de caixa Eusábia Batista Nogueira, de 20 anos, foi uma das novas contratadas na capital. Em junho, ela começou a trabalhar na unidade da All Pé Dr. Sholls do Boulevard Shopping, inaugurado em outubro de 2010. De lá para cá, o centro comercial gerou 3,5 mil empregos. “Consigo tirar R$ 1,2 mil, com salário fixo de R$ 850 mais comissões. Estou feliz, pois conseguia vaga apenas para cobrir férias. O mercado de trabalho em BH tem espaço para quem é esforçado”, comemorou a jovem.
Ela deixou a terra natal, Novo Oriente, no Vale de Jequitinhonha, para vencer na cidade grande: “Daqui algumas semanas, começo o curso técnico de recursos humanos. Quero crescer na empresa”. O bom momento da economia na capital mineira é explicado por números tanto do Caged quanto do IBGE. Para se ter ideia, segundo balanço do IBGE, a quantidade de desempregados na Grande BH somou 124 mil pessoas em junho, 2 mil a menos do que maio e 10 mil abaixo do número registrado em junho de 2010. O economista Antônio Braz, do IBGE, acrescenta que as pessoas ocupadas na região metropolitana somaram, em junho de 2011, 2,568 milhões de trabalhadores.
Esse universo é 0,7% maior do que os 2,566 milhões de trabalhadores apurados em maio deste ano e 3,5% superior ao resultado de junho de 2010: 2,48 milhões de pessoas. Já o Caged constatou que, entre junho de 2010 e igual período de 2011, o saldo entre admitidos e demitidos em BH subiu 28,8%, de 3,8 mil para 4,9 mil registros. Na comparação entre o semestre deste ano e o do ano passado, o percentual de aumento foi menor: 5,2%. Porém, deve ser lembrado que o índice da média nacional despencou 13,5%.
Desaceleração
Apesar da queda de 13,5% na criação de vagas formais no semestre e parte do mercado apostar em uma desaceleração na criação de postos com carteira assinada, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não deixou de enaltecer o resultado. “Tivemos bom primeiro semestre, mas aposto em um segundo semestre melhor”, disse. Segundo Lupi, o segundo semestre de 2010 teve efeito forte do processo eleitoral, com limitações para contratações. “Como otimista que sou, acho que o segundo semestre deste ano vai ser melhor que o primeiro. Muitos processos vão se deslanchar”, afirma o ministro, referindo-se aos investimentos de multinacionais no Brasil.
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O porquê das variações
Qual o motivo de o percentual da taxa de emprego e desemprego do IBGE não bater com o de outras entidades como o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que, em Minas, também é feito em parceria com a Fundação João Pinheiro (FJP) e outros braços do poder público? Há várias justificativas. Uma delas é que o IBGE calcula apenas o chamado desemprego aberto, isto é, o trabalhador que procurou reposicionamento nos últimos 30 dias ou na última semana, como é o caso da pesquisa divulgada nessa terça-feira. Portanto, quem não bateu às portas de empresas, teoricamente, não é considerado desempregado para a entidade. Já o Dieese usa a metodologia da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divide o desemprego nas categorias aberto (quem procura trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores ao da entrevista); oculto por desalento (quem não tem trabalho e nem procura nos últimos 30 dias anteriores ao da entrevista); e oculto por trabalho precário (trabalho remunerado ocasional de auto-ocupação ou quem realiza trabalho não remunerado em ajuda a negócios de parentes e que procura mudar de trabalho). Também deve ser levado em conta que as regiões metropolitanas pesquisadas por IBGE e Dieese não são idênticas. Enquanto o IBGE apura os dados em São Paulo, Rio, BH, Salvador, Recife e Porto Alegre, o Dieese faz o mesmo no Distrito Federal, BH, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Fortaleza.
SIMPLES DAS DOMÉSTICAS
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, enviará no início de agosto ao Ministério da Previdência a proposta para a criação do Simples das Domésticas, antes de encaminhá-la à presidente Dilma Rousseff. O documento também terá de passar pelo Ministério da Fazenda, provavelmente em setembro, antes de seguir para o Planalto. A intenção da proposta é simplificar e reduzir a quantidade de tributos para ampliar a contratação de empregados domésticos com vínculo formal. Como é baseada no Simples Nacional, regime de tributação específico para micro e pequenas empresas, a proposta também ganhou o apelido de Simples. No mês passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou a concessão dos mesmos direitos básicos aos trabalhadores domésticos em relação a outros profissionais. O Brasil votou a favor dessa equiparação. "A proposta está praticamente pronta. Estou trabalhando muito com o modelo do Simples das empresas. Se você é empregador individual, tem que ter incentivo igual, pelo menos, porque é um empregado só", afirmou o ministro.