O ministro grego das Finanças disse nesta sexta-feira estar aliviado com o plano de resgate anunciado na véspera pela zona do euro para salvar o país da falência. "É um grande alívio para a economia grega", comemorou Evangelos Venizelos. "Os bancos gregos estão garantidos e seguros", acrescentou, poucas horas após o anúncio de um pacote de quase 160 bilhões de euros elaborado para salvar o país da bancarrota. "A dívida pública está sob controle, o país está salvo (...), houve uma grande mobilização geral, uma frente europeia forte", considerou Venizelos.
Ele destacou ainda que o plano prevê que os bônus da dívida grega com vencimentos até o ano 2020 serão trocados por novos títulos a 30 anos, "garantidos pelo sistema". "A Grécia se beneficiará de uma grande operação de 'rollover'", afirmou. O acordo prevê um socorro de 158 bilhões de euros, com o apoio dos bancos, anunciou o chefe do governo italiano, Silvio
Sobre esse último montante, 37 bilhões de euros sairão de uma "contribuição voluntária" dos bancos credores, enquanto que 12 bilhões de euros consistirão em amortizações da dívida no mercado. O plano aumenta o prazo de reembolso dos créditos concedidos a Atenas dos atuais 7 anos e meio para ao menos 15 anos, podendo chegar a 30. Também reduz os juros de 4,5% para 3,5%. Estas condições serão aplicadas também a Portugal e Irlanda.
Os bancos credores da Grécia prometeram contribuir com 54 bilhões de euros em três anos, e 135 bilhões em 10 anos, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF). O IIF enumerou uma lista de 30 instituições financeiras voluntárias, 23 delas da União Europeia, três suíças, uma canadense, uma kwaitiana, uma peruana e uma sul-coreana.
"O programa oferece um conjunto de novos instrumentos aos investidores com o objetivo de alentar sua participação voluntária, com uma meta de uma taxa de participação de 90%, indica o IIF. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, revelou que no prazo de 30 anos o setor privado contribuirá com 135 bilhões de euros. "No total, o esforço será de 135 bilhões de euros ao longo de 30 anos" para credores privados da Grécia, declarou Sarkozy. "Decidimos apoiar a Grécia quanto membro do euro. É um compromisso determinado".
Já o primeiro-ministro grego, George Papandreou, destacou que a Grécia verá sua dívida pública de 350 bilhões de euros ser reduzida em 26 bilhões de euros até o fim de 2014, graças ao novo plano decidido hoje. "A redução é de cerca de 26 bilhões de euros" para o período, declarou à imprensa. Este valor representa 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Papandreou destacou que o país terá prazos mais longos para reembolsar os novos empréstimos e juros mais vantajosos, que reduzirão o serviço da dívida e permitirão "à Grécia recorrer aos mercados antes do previsto" para pedir empréstimos, o que atualmente não é permitido. "Isso dá um alívio à Grécia e à zona do euro", completou.
O chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, estimou que o "acordo baixará a tensão, além de gerar confiança" na zona do euro. Na prática, a solução implica na renúncia dos credores de parte do montante da dívida que detém, e as agências de classificação de risco poderão considerar que trata-se de um default seletivo ou parcial da Grécia.
Em outras palavras, os líderes da zona do euro reconhecem que um não pagamento de Atenas é provável. "A Grécia está em estado de gravidade sem precedentes" e "necessita de uma solução excepcional", destaca a resolução. "Os demais países da zona do euro reiteram solenemente sua determinação inflexível em honrar totalmente sua própria assinatura soberana", advertem, dando a entender que nenhum outro Estado poderá cair em default. Antecipando o acordo, as principais bolsas europeias registraram hoje importantes ganhos. O euro acelerou sua alta em relação ao dólar, atingindo seu mais alto nível desde 6 de julho, acima de 1,44 USD.