Santa Rita do Sapucaí – A boa e velha máxima “tempo é dinheiro” é essencial aos planos do boom da construção civil no país. O desafio das grandes construtoras é conseguir manter a qualidade e entregar as unidades em menos tempo. Consoante com essa meta, vem de Santa Rita do Sapucaí, a 420 quilômetros de Belo Horizonte, no Sul de Minas, ideia que promete ao menos 35% de economia nas instalações elétricas de uma nova casa ou apartamento: o trabalho que antes demorava dois dias, passa a ser feito em 45 minutos. Em alguns casos, a economia pode chegar a 50%.
A empresa havia se especializado, desde a criação, em 2000, na produção de chicotes elétricos – como são chamados esses kits feitos sob medida – para a indústria automotiva e eletrodomésticos da linha branca (geladeiras, fogões etc). Há dois anos começou a desenvolver o projeto do produto que acaba de lançar, com o foco na habitação e já tem portas abertas para conquistar oito grandes construtoras do país, como MRV, Direcional e o Grupo Camargo Corrêa.
A fabricante americana de materiais de construção InnoVida vai a Santa Rita, esta semana, para conhecer o projeto, que já modificou a rotina da fabrica da Condupar. Inicialmente instalada no Centro Empresarial da cidade, a empresa acaba de se mudar para a nova sede. Antes eram 30 funcionários no chão da fábrica. Agora, são 135. Para cumprir a meta de produção de 100 mil kits no ano que vem, o número de trabalhadores na Condupar deve chegar a 300. As antigas instalações tinham 600 metros quadrados; as novas se estendem por 3,5 mil metros quadrados.
Demanda e exportação
De olho no mercado externo, a empresa vai montar estandes em que demonstrará o funcionamento da novidade, em feiras internacionais. Construtoras da Venezuela também já se interessaram pelo produto. O país vizinho acaba de anunciar que adotará o programa Minha casa, minha vida, do governo federal brasileiro, como modelo para construção e financiamento de 2 milhões de casas.
A demanda por aqui, contudo, já está bem aquecida. “Produzindo 100 mil kits, estaremos ainda aquém da demanda no Brasil”, diz Paduan. O déficit habitacional no país, na faixa de renda entre um e três salários mínimos, é de 5 milhões de residências. Na faixa entre três e cinco salários, o déficit é de mais 3 milhões.
Competição
“Quando inovamos em solução, e não em produtos, conseguimos sair na frente dos chineses. Do contrário, a concorrência é desleal mesmo”, diz Paduan. O chicote elétrico habitacional, segundo ele, não deverá ser patenteado.
A burocracia no processo poderia fazer com que a fábrica perdesse o timing do aquecimento da construção civil. “Além disso, não daríamos mesmo conta dessa demanda, é melhor que surjam outros fabricantes”, diz o empresário.
A Condupar teve, no ano passado, faturamento de R$ 9 milhões. Para este ano, mantém a expectativa em R$ 11 milhões, preservando a parcimônia. Mineiramente, o empresário prefere não antever o que pode ocorrer se a ideia do chicote habitacional cair nas graças das grandes empresas de construção civil.
* O repórter viajou à convite do Sindvel