A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, mostra um Banco Central mais otimista com a inflação nos próximos meses, mas ainda cético de que a meta de 2011, de até 6,5%, possa ser atingida. Segundo a ata, o cenário prospectivo da inflação mostra sinais mais favoráveis.
Na semana passada, o Copom elevou, por unanimidade, a taxa Selic de 12,25% para 12,50%, sem viés. No documento, os membros do Comitê retiraram a expressão "suficientemente prolongado" para a implementação de ajustes na política monetária, o que já sugere uma parada do ciclo de alta do juro.
Vale lembrar que como riscos para a inflação no segundo semestre o mercado tem mencionado o reajuste dos salários de servidores e o preço da gasolina, que pode subir, conforme o próprio presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli. A ata
Mais à frente, no documento, os membros do Copom também avaliam que as incertezas estão "elevadas e crescentes". A palavra "elevada" também é nova no texto. "Embora incertezas elevadas e crescentes que cercam o cenário global e, em escala marcadamente menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis", destaca a ata, divulgada nessa manhã.
Para o Copom, desde a última reunião, no âmbito externo, as evidências apontam moderação adicional no processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 (Europa, Estados Unidos e Japão). "Em outra perspectiva, ainda revelam influência ambígua sobre o comportamento da inflação doméstica".
No âmbito interno, destaca a ata Copom, ações macroprudencias e, principalmente, ações convencionais de política monetária recentemente implementadas ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços, processo que tende a se acentuar neste semestre. Também é uma novidade na ata a frase que diz que os efeitos das medidas tendem a se acentuar neste semestre.
Próximos anos
Para 2012, o BC vê um cenário de referência acima do centro da meta, de 4,5%. É somente no primeiro semestre de 2013 que o cenário fica ao redor desta taxa.
Os integrantes do Copom não mencionam na ata divulgada hoje a intenção de fazer a convergência do IPCA para o centro da meta de 4,5% em 2012. Esse compromisso constava na ata da reunião de junho justamente no parágrafo que tratava da necessidade de ajuste de política monetária por período "suficientemente prolongado" como estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012.
Na ata divulgada hoje, da reunião da semana passada, o parágrafo tem apenas a seguinte frase: "Nesse contexto, avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés". No trecho seguinte, diz apenas: "(...) decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas".
A ata da última reunião do Copom informa que a projeção do IPCA para 2012 no cenário de referência permaneceu estável, mas acima do centro da meta de inflação, de 4,5%. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$ 1,60 e da taxa Selic em 12,25% ao ano. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 se elevou "ligeiramente" em relação ao valor considerado na reunião do Copom de junho e também se encontra acima do valor central da meta.
No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Banco Central junto a analistas, a projeção para 2012 também se manteve estável e acima do centro da meta. Já para 2011, a estimativa teve uma ligeira elevação e se encontra também acima do centro da meta.
Para o primeiro semestre de 2013, a projeção de inflação teve elevação no cenário de referência. Mas permaneceu estável no cenário de mercado, posicionando-se ao redor do centro da meta em ambos os casos.
Em um cenário alternativo, a projeção de inflação se encontra acima da meta para 2011 e para 2012, e em torno da meta no primeiro semestre de 2013. O cenário alternativo leva em conta a manutenção da taxa de câmbio, no horizonte relevante, em patamares semelhantes aos observados no passado recente.