O presidente do grupo francês Casino, número dois do varejo, Jean Charles Naouri, confirmou nesta quinta-feira que mantém sua decisão de tomar o controle em 2012 de sua filial brasileira CBD Pão de Açúcar, alvo de uma dura disputa com o Carrefour, gigante do setor. Interrogado durante a apresentação dos resultados semestrais sobre se seguirá em frente com esta decisão, Naouri limitou-se a responder: "Sim".
O presidente do Casino opôs-se energicamente nas últimas semanas a um projeto de fusão de sua filial brasileira com o gigante francês Carrefour, defendido pelo fundador do CBD, o influente empresário brasileiro Abilio Diniz. O fracasso deste projeto em meados de julho não significa o fim dos procedimentos de arbitragem lançados pelo Casino contra Diniz diante da Câmara de Comércio Internacional, nos quais exige o respeito de um pacto de acionistas com seu sócio brasileiro.
Segundo este pacto entre o Casino e a família Diniz, o grupo francês espera assumir o controle do CBD Pão de Açúcar em meados de 2012. Até agora o Casino tem uma participação de 43,1% no CBD Pão de Açúcar. A proposta do multimilionário
"É preciso respeitar os acordos. Esperamos das outras partes envolvidas que respeitem os acordos", declarou nesta quinta-feira Naouri, que assegurou que não tem intenções de pedir a revogação de Diniz. Naouri também confirmou que o conselho de administração da Wilkes, holding com a qual o Casino compartilha com Diniz o controle de CBD, previsto para 2 de agosto, foi anulado.
Interrogado sobre o papel de Diniz nas atividades do Pão de Açúcar, Naouri negou-se a "emitir considerações pessoais sobre o papel de Diniz". Em troca, ressaltou sua confiança na gestão do Pão de Açúcar ao considerar que suas relações com a direção da filial brasileira são "excelentes".
O Casino anunciou nesta quinta-feira um lucro líquido em queda de 22,9% no primeiro semestre de 2011, a 134 milhões de euros, e vendas em alta de 18,8%, a 16,14 bilhões de euros (23,055 bilhões de dólares), graças aos países emergentes. O Casino concentra seu desenvolvimento internacional no Brasil, Colômbia, Vietnã e Tailândia. "Hoje em dia não há projetos para entrar em outros países", indicou Naouri.