As reservas de minério de ferro exploradas pela Vale em Minas Gerais responderam por dois terços da produção total de 80,3 milhões de toneladas da matéria-prima no segundo trimestre, volume recorde para o período, informou a companhia. Foram extraídos 52,8 milhões de toneladas de ferro no estado, aumento de 10% frente aos 47,9 milhões de toneladas produzidas de janeiro a março em terras mineiras. As unidades da companhia em Itabirito, na Região Central, e Nova Lima, na Grande BH, chegaram a operar a um ritmo 16,2% superior em comparação ao primeiro trimestre. Ao comentar os resultados em teleconferência para analistas de mercado, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, disse nessa sexta-feira que o programa de investimentos de US$ 24 bilhões neste ano está mantido e reiterou os novos planos de aplicar dinheiro em siderurgia.
A justificativa dada pelo presidente da companhia para investir no setor de aço, que enfrenta excesso de capacidade de produção no mundo, é a segurança que a Vale terá com um mercado cativo para o seu minério de ferro. “Hoje podemos ficar aqui e todo mundo virá comprar nosso minério de ferro, mas não sabemos como será no futuro. É muito importante reconquistar a fatia de mercado que perdemos no Brasil”, afirmou o executivo. Murilo Ferreira argumentou, no entanto, que a empresa participará como acionista em empreendimentos do setor siderúrgico.
Otimista com a demanda por minério de ferro no mundo, o presidente da Vale afirmou que a China, maior parceiro comercial da companhia, continuará fazendo compras firmes, apesar do sinal de alerta dado pela inflação no país. A recuperação da economia europeia e dos Estados Unidos é que preocupa, de acordo com Murilo Ferreira. Em seu relatório de produção do segundo trimestre, a mineradora destaca que a produção tende a crescer permitindo que a Vale se beneficie ainda mais do ciclo de preços elevados de minérios e metais no mercado internacional.
O bom desempenho da produção de ferro em Minas rendeu 100,7 milhões de toneladas no primeiro semestre, do total de 151,8 milhões de toneladas obtido no Brasil. Só o chamado Sistema Sudeste da Vale, que compreende as minas de Itabira, Mariana, Ouro Preto, Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Rio Piracicaba e São Gonçalo do Rio Abaixo, respondeu por 55,3 milhões de toneladas de janeiro a junho. Carajás, no Pará, participou com menos de um terço no segundo trimestre e no acumulado até junho, conforme o relatório emitido pela Vale, em decorrência de chuvas fortes e prolongadas de abril a maio. A precipitação pluviométrica dificultou os embarques em função do alto grau de umidade do minério.
Investimentos avançam
Dos investimentos realizados este ano, Minas recebeu US$ 2,45 bilhões de abril a junho, cifra 22% maior na comparação com o primeiro trimestre. Ao todo, o estado recebeu US$ 4,45 bilhões de janeiro a junho para bancar projetos em implantação direcionados ao aumento da produção, que mantêm 10 mil empregos temporários em canteiros e obras no estado. A Vale informou ter contratado 1.500 pessoas em Minas no segundo trimestre.