Para ganhar autosuficiência no consumo de energia, um dos ingredientes mais pesados dos custos da siderurgia brasileira, a Usiminas está disposta a investir R$ 2 bilhões até 2015, informou o presidente da companhia, Wilson Brumer. A cifra permitirá à empresa – maior produtora de aços planos no país – reduzir em cerca de 30% a sua conta de luz, que alcança R$ 1 bilhão por ano. A estratégia faz parte do esforço da Usiminas para diminuir as despesas e, com isso, aumentar a capacidade de competir, melhorando o retorno para os acionistas. A companhia divulgou nessa terça-feira lucro líquido de R$ 157 milhões no segundo trimestre, 62% inferior ao do mesmo período do ano passado.
Comparado aos números de janeiro a março, entretanto, o resultado ficou, na prática, em patamar semelhante. A Usiminas fechou o primeiro trimestre com R$ 16 milhões no azul, ao reconhecer no balanço cifra de R$ 125 milhões referente à conclusão da venda de sua participação acionária na Ternium, siderúrgica do grupo Techint na América Latina. Segundo Wilson Brumer, a siderúrgica brasileira não tem mais condições de conviver com uma relação de custos baseada em 80% de gastos fixos, especialmente influenciados pelos preços de minério de ferro, carvão e energia. “O setor siderúrgico terá de se reinventar”, afirmou o executivo.
Dentro dos planos de produzir 100% da energia que consumir até 2015, a siderúrgica confirmou nessa terça-feira um programa para melhorar a sua eficiência na geração do insumo e usar gases de alto-forno que estão sendo desperdiçados, além de um projeto para construção de uma termoelétrica na unidade de Cubatão, no interior de São Paulo. Há pouco mais de um mês, a Usiminas firmou acordo com a Efficientia, empresa da Companhia Energética de Minas (Cemig) especializada em programas de conservação e uso racional de energia. A iniciativa consiste num projeto piloto para melhorar o uso das fontes de geração da unidade de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro.
A usina trabalha com cerca de 10 mil motores antigos e a termelétrica que serve à fábrica, com produção de 30 Megawatts, também opera abaixo de sua capacidade para produzir 70 MW. “Analisamos ainda o eventual uso do gás natural que chegou a Ipatinga”, revelou o presidente da Usiminas. Na unidade de Cubatão, a empresa está orçando uma termoelétrica capaz de produzir 200 MW. O projeto, de acordo com Brumer, avalia o aproveitamento dos gases de fornos e de equipamentos, hoje jogados na atmosfera. Os estudos devem estar prontos para que o projeto seja executado a partir do começo do ano que vem. A meta da companhia é reduzir a conta de energia em R$ 350 milhões por ano, eliminando o déficit 400 MW anuais entre o consumo de 500 MW e a geração própria de 100 MW.
Rival
O negócio da mineração acabou batendo a rentabilidade da produção de aço para a Usiminas no segundo trimestre. A empresa produziu 1,8 milhão de toneladas de aço de abril a junho, aumento de 4% frente ao trimestre anterior, mas abaixo do resultado de 1,821 milhão de toneladas no segundo trimestre de 2010. A produção de minério de ferro alcançou 1,536 milhão de toneladas no trimestre analisado. Brumer evitou comentar a elevação da participação acionária da rival Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na Usiminas de 10,01% das ações ordinárias em abril para os atuais 10,84%.