Os funcionários dos Correios são contrários às mudanças propostas para a gestão da estatal e querem participar mais da discussão das medidas.Nesta quarta-feira, a Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados promoveu uma audiência pública para debater a Medida Provisória 532/11, que estabeleceu alterações na estrutura da empresa. O representante da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, José Rivaldo da Silva, reclamou que a elaboração das medidas não foi debatida com os trabalhadores. %u201CNinguém é contra a modernidade dos Correios, queremos que a empresa dê lucro, mas queremos debater, não podemos aceitar um pacote pronto do governo%u201D, disse ele. O presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), Luiz Alberto Menezes Barreto, disse que a entidade vai apresentar uma sugestão de emenda ao relator da MP, deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), propondo que a criação de subsidiárias dos Correios, prevista na medida, não provoque demissões. Ele também reclamou da falta de diálogo com os trabalhadores. %u201CNão se admite um governo popular excluir os trabalhadores. Não participamos em nada na MP e nossas sugestões sempre foram feitas com ouvido de mercador%u201D. Os representantes dos trabalhadores aproveitaram a audiência no Congresso para criticar o governo com cartazes e faixas. %u201CGoverno do PT vai privatizar os Correios%u201D, %u201CModernidade sim, privatização não%u201D e %u201CGoverno popular que não ouve o povo%u201D foram algumas das frases exibidas aos parlamentares. No final de abril, o governo publicou uma medida provisória estabelecendo mudanças no estatuto da empresa. Os Correios vão poder ampliar o leque de atuação legal, podendo oferecer serviços como telefonia, internet, logística integrada, serviços bancários e até participar do capital de companhias aéreas. A MP também permite que a estatal atue em outros países, seja sócia de empresas privadas e constitua subsidiárias. O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, esclareceu que o principal objetivo das mudanças é modernizar a empresa, tornando-a mais transparente e mais próxima do cidadão. %u201CQueremos que ela faça jus à credibilidade que os brasileiros têm nela há tantos anos. Que possamos não mais atrasar o Sedex [serviço de entrega rápida de encomendas] e ampliar o atendimento à população%u201D. Pinheiro garantiu que a empresa não será privatizada e nem vai vender ações no mercado. Segundo ele, os Correios poderão adquirir o controle ou participação acionária de outras empresas. O presidente também ressaltou que os empregados continuarão sendo admitidos por concurso público e contratados de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).