Um dia depois de o governo anunciar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até 2016 para montadoras nacionais, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) se mostrou descrente quanto à promessa de que em 15 dias estariam definidos os detalhes da regulamentação para o benefício. "É um assunto complexo. A desoneração tributária não é simples e o imposto é cobrado em cadeia. Deve levar mais tempo", disse o presidente da associação, Cledorvino Belini, ressaltando que não está claro como será feita a desoneração. Na avaliação dele, seria viável que a regra para receber o benefício fosse a utilização de cerca de 60% de componentes nacionais na produção.
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não vai resultar na queda imediata dos preços dos carros no mercado, confirmou presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. “O consumidor vai se beneficiar ao longo dos anos, com a melhora da competitividade da indústria”, afirmou. Apesar das dificuldades com as medidas limitadoras do crédito para o consumo, as montadoras brasileiras tiveram, em julho, recorde de produção para o mês. Das fábricas, saíram 307,2 mil unidades, 5,7% mais que no mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados nessa quinta-feira pela Anfavea. Ante junho, o crescimento é de 3,9%.
A redução do IPI está prevista na Medida Provisória 540. O governo vai reduzir a alíquota de IPI para montadoras instaladas no Brasil até julho de 2016, desde que elas atendam a requisitos como aumentar o conteúdo nacional na produção e investir em inovação tecnológica. Apesar disso, as medidas não devem impactar o preço final dos carros.
Contramão
De acordo com a Anfavea, os importados representam 22% do mercado interno. Enquanto o governo não detalha o plano de isenção para salvar a produção nacional da ofensiva chinesa, nas concessionárias, os carros orientais já têm preços remarcados para cima, na contramão dos brasileiros. O caso mais típico foi do QQ, da chinesa Chery, anunciado há dois meses como “o carro mais barato do Brasil”, por R$ 22,9 mil. O tumulto da demanda frenética logo foi resolvido com reajuste: hoje, ele sai por R$ 24,9 mil. Em 2010, as marcas que não produzem no Brasil trouxeram 90,4 mil veículos para o país.
O Sindicato das Concessionárias e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG) registrou crescimento mais modesto no número de emplacamentos. Na comparação com julho de 2010, a variação foi de 2,21%. O acumulado do ano surpreende, com aumento que ultrapassa os 10%. Enquanto nos sete primeiros meses do ano passado 318.446 veículos foram emplacados, até agora foram 362.340 neste ano.
Os planos de expansão das montadoras, enquanto isso, não pisam no freio: a chinesa JAC anunciou que vai passar a produzir no Brasil e a Fiat prevê investimentos gerais de R$ 7 bilhões em Betim, para ampliar a capacidade produtiva da fábrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de 800 mil para 900 mil carros por ano.
Longa espera
O emplacamento de 2,043 milhões de unidades marca mais um recorde nas vendas de veículos novos, no acumulado do ano. Isso significa crescimento de 8,6% na comparação com 2010, a melhor marca já registrada pela Anfavea. Nas concessionárias, modelos específicos podem levar a esperas entre 40 e 60 dias. É o caso do Uno Mile, da Strada e do Linea Essence, da Fiat. Entre as chinesas, a espera de quatro semanas pelo Sedan J3 Turin foi justificada pela fabricante com um erro de estratégia. Apostaram mais no Hatch J3, que teve menos procura, em detrimento do Turin, o que causou as longas filas de espera registradas nos últimos dias.