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Estado de Minas

Com a chegada de nova crise mundial, Espanha é a maior ameaça ao Brasil


postado em 05/08/2011 09:02 / atualizado em 05/08/2011 14:37

José Luis Zapatero luta contra o tempo para evitar a ruína espanhola(foto: (Suzana Vera) )
José Luis Zapatero luta contra o tempo para evitar a ruína espanhola (foto: (Suzana Vera) )
Com uma nova crise mundial se aproximando no horizonte, o maior medo do governo brasileiro é de que a Espanha, sob o comando de José Luis Zapatero, sucumba ao terremoto econômico que promete varrer a Europa. E o temor é mais do que justificado. Os bancos espanhóis têm forte presença no Brasil e em toda a América Latina. Caso as instituições enfrentem problemas, terão de se desfazer de ativos na região e, pior, detonarão uma crise de confiança que não se sabe até onde poderá chegar. Pelas contas da Corretora Nomura, os bancos espanhóis poderão ser obrigados a sacar até US$ 28 bilhões da América Latina, dos quais US$ 21 bilhões do mercado brasileiro.

Também para economistas do Deutsche Bank, a quebra da Espanha, que poderá levar junto a Itália, terá mais impacto sobre os países da América Latina do que sobre os demais emergentes. Pelos cálculos da instituição alemã, a exposição dos bancos espanhóis, sobretudo o Santander e o BBVA, chega a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Chile, a 13% da soma de todas as riquezas do México e a 8,6% do PIB brasileiro. Isoladamente, 25% dos resultados do Santander mundial saem do Brasil.

O Banco Central brasileiro, por sinal, já vem detectando uma forte retirada de recursos do país pelos bancos estrangeiros. De janeiro a junho deste ano, o setor financeiro remeteu ao exterior, em forma de lucros e dividendos, US$ 6,2 bilhões. No mesmo período de 2010, as transferências tinham somado US$ 5,1 bilhões — ou seja, houve um aumento de 21,5%. Segundo os analistas, esse incremento ainda não pode ser considerado como explosivo. Mas, com a gravidade da situação na Europa, em especial na Espanha e na Itália, não há dúvidas de que os bancos vão raspar o que puderem dos países nos quais são lucrativos. Foi o que se viu no auge da crise mundial de 2008.

Contágio

Para o presidente da agência de classificação de riscos Austin Ratings, Erivelto Rodrigues, o momento exige cautela e não se deve superdimensionar o impacto da turbulência europeia sobre a América Latina. “Que o contágio vai ocorrer é um fato. Mas discordo da intensidade que estão falando”, ponderou. No seu entender, os bancos espanhóis não são tão representativos no sistema financeiro brasileiro, que, além de tudo, é muito bem regulado.

 

O maior deles é o Santander, que foi crescendo depois da compra do Banespa, do Real e do ABN Amro. “Na crise, a tendência é que as instituições sejam chamadas a remeter recursos para as matrizes. Mas só envia lucros e dividendos quem os aufere e está com boa saúde”, disse uma conceituada fonte do mercado financeiro. O ex-diretor do BC afirmou que o problema maior seria a suspensão das linhas de financiamento, que afetaria exportadores e poderia virar um efeito dominó.

Líderes discutem turbulências


O presidente francês, Nicolas Sarkozy, vai discutir hoje a situação dos mercados financeiros com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro da Espanha, Jose Luis Zapatero. Segundo um assessor de Sarkozy, o líder francês já conversou, ontem, por telefone, com o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, para discutir a crise na Zona do Euro e a queda das bolsas.


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