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Estado de Minas

Presidente da Usiminas elogia medidas incentivo à indústria

Ações do governo são vistas como um primeiro passo


postado em 07/08/2011 08:14 / atualizado em 07/08/2011 15:18

Os instrumentos de incentivo à indústria anunciados pela presidente Dilma Rousseff e a reação do dólar, que encerrou a sexta-feira com uma variação acumulada de 1,96% na semana, jogaram luz nova sobre o exercício quase diário de avaliação dos rumos da economia na sala do presidente da Usiminas, Wilson Brumer. Maior produtora de aços planos no Brasil, a companhia vai investir R$ 1,5 bilhão neste semestre para fortalecer sua participação no mercado brasileiro e prevê reduzir as suas exportações a menos de 15% da produção, baixa histórica frente os tradicionais 25% comercializados no exterior. O plano Brasil Maior pode estar longe do ideal, mas dá sinais da preocupação do governo com o desempenho do setor e deverá ajudar as empresas a retomarem a capacidade de competir no país, avalia o presidente da Usiminas. “Agora, precisamos aprofundar e ampliar essas medidas. Gostaríamos que a desoneração da folha de pessoal não ficasse restrita a poucos setores, mas pelo menos o tema começa a quebrar resistências e a se incorporar a uma agenda essencial de discussões”, afirma o executivo. Wilson Brumer viu progressos na defesa comercial brasileira e decidiu manter projeções de crescimento de 4% a 4,5% da economia neste ano, números já consideramos otimistas demais por alguns economistas.

Incentivos à indústria

“Há uma agenda comum que o Brasil precisa enfrentar das reformas fiscal, trabalhista, tributária e a definição do papel do estado. Nesse contexto, se as medidas que foram tomadas não são as ideais e nem vão resolver todos os problemas, elas mostram alguns sinais de que o governo está preocupado. Agora, o país precisa aprofundar e ampliar essas medidas. Gostaríamos que a desoneração da folha de pessoal não ficasse restrita a alguns setores (indústrias têxteis, de calçados e software), mas, pelo menos, o tema começa a quebrar resistências e a se incorporar a essa agenda essencial de discussões. Há instrumentos que a gente tem de reconhecer que não são de curtíssimo prazo. Espero que as cadeias produtivas do aço e de outros segmentos ganhem condições para crescer mais.”

Reflexos em cadeia

“Aos produtores de aço interessa que os clientes sejam competitivos e nesse aspecto a maior vigilância nos portos brasileiros e a fiscalização mais eficiente de práticas desleais de comércio são positivas porque o avanço das importações brasileiras de produtos que contêm aço é muito mais preocupante do que a própria entrada do produto siderúrgico. As importações indiretas do Brasil, aquelas compras de produtos que contêm aço, como automóveis, eletrodomésticos e máquinas, devem crescer bastante este ano. Acredito que vão passar dos 5 milhões de toneladas, ante 4,2 milhões de toneladas importadas em 2010. No aspecto de conter essa avalanche, as medidas anunciadas pelo governo têm suas contribuições a dar, até porque elas focaram muito em bens de capital (máquinas e equipamentos), em algumas cadeias produtivas que estão sofrendo mais (como confecções e têxteis).”

Defesa comercial

“Temos de atacar de frente o problema da defesa comercial, acabando, por exemplo, com a guerra fiscal, que só beneficia alguns poucos estados em detrimento da economia brasileira como um todo. Estão entrando no Brasil não só os produtos siderúrgicos, mas uma série de mercadorias que em condições normais e seguidas as regras do mercado internacional não seriam aceitas sob o ponto de vista de dumping e de especificações técnicas. Este é um dos pontos positivos nesse programa, que também amplia o número de investigadores e dá mais atribuições ao Inmetro. Outro ponto importante é a redução de prazos de 15 para 10 meses da investigação na área de defesa comercial. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse prazo, em geral, é de 90 dias e, comprovada a prática de dumping, aplica-se uma tributação desde o início da investigação. A Usiminas pediu investigação contra oito países (Espanha, Romênia, Rússia, México, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Turquia e Ucrânia). Para o processo começar, já foi consumido um ano e a investigação se arrasta há quase sete meses.”
Balança comercial

“Fora as commodities (produtos agrícolas e minerais com preços cotados no mercado internacional), o que a gente tem percebido é que na balança comercial brasileira a presença de produtos manufaturados tem caído substancialmente e o problema não está só no câmbio. Aqui influencia uma série de outras dificuldades como o custo alto dos encargos sociais de mão de obra, a tributação, que, embora não incida na exportação, começa elevada desde a chegada das matérias-primas nas fábricas. Não é por outro motivo que precisamos de uma desoneração de toda a cadeia produtiva para o Brasil se tornar um exportador de produtos manufaturados. O país, hoje, ainda é um exportador de impostos nesse sentido.”

Foco no mercado interno

“Estamos focamos muito mais no mercado interno do que o externo. Não adianta produzir e exportar com prejuízo. Na Usiminas, temos uma estratégia clara que está desenhada e não vamos abrir mão dela, de investir notadamente na mineração e na siderurgia. Estamos fazendo uma série de investimentos com o objetivo de reduzir custos e aumentar a competitividade. Passamos a oferecer este mês aços especiais com alta resistência para os setores de óleo e gás, tubos de grande diâmetro e indústria naval e a nossa linha de aços galvanizados já está operando, basicamente para atender a indústria automobilística, a construção civil e a linha branca. A companhia estava muito pouco presente tanto em construção civil como em linha branca, até porque nossa produção vinha praticamente tomada pelas encomendas da indústria de automóveis. Vamos oferecer produtos de maior valor agregado a setores que acreditamos ter potencial maior de crescimento.”

Crescimento

“Trabalhamos com perspectiva de crescimento do Brasil, neste ano, da ordem de 4% a 4,5%. Há alguns segmentos na indústria que acham que o país deve crescer menos, mas continuamos otimistas. É claro que se compararmos com a expectativa de desempenho das economias emergentes, trata-se de uma taxa bem inferior. Na China, sempre estaremos falando de 8% a 9% e em cima de números anteriores pujantes.”


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