Um rebaixamento do rating (nota) soberano da França e do Reino Unido não está no horizonte dos próximos dois anos, afirmou Moritz Kraemer, diretor da agência de classificação de risco Standard & Poor's para ratings soberanos europeus, ao jornal alemão Handelsblatt. Segundo Kraemer, a S&P sinaliza os riscos que vê por meio das perspectivas que atribui aos ratings e, tanto para a França como para o Reino Unido, "nós temos uma perspectiva estável, o que sinaliza que do ponto de vista de hoje nós não esperamos um rebaixamento nos próximos dois anos". No entanto, Kraemer observou que os riscos predominam na zona do euro.
A S&P vem sendo criticada por ter cortado o rating dos EUA na última sexta-feira, contribuindo para uma grande liquidação nos mercados de ações globais. Os investidores agora estão preocupados com a França e o Reino Unido, dois países com classificação AAA com posições fiscais vulneráveis e que poderiam ser os próximos na fila para um rebaixamento. Um corte no rating da França poderia dificultar reformas no fundo de resgate da zona do euro, a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), e assim aumentar a pressão sobre países da periferia do bloco. "Não é nosso trabalho acalmar os mercados. Nós temos de classificar os riscos conforme os vemos", afirmou Kraemer ao jornal alemão.
Melhora
A França deve cumprir seus planos de melhora das finanças públicas se quer assegurar o rating AAA, disse o ministro do Orçamento, Valerie Precesse, no dia seguinte ao custo para garantir proteção contra a dívida da França ter atingido nível recorde. "Para assegurar (o rating AAA) devemos manter os avanços nas finanças públicas", disse Precesse em entrevista à rádio francesa RTL. "É importante que mantenhamos nossos compromissos".
Embora não haja indicação das agências de classificação de risco de crédito de que a nota da França será rebaixada, a elevação no custo dos contratos de swap de default de crédito da França coloca a segunda maior economia da zona do euro em foco, em um momento em que está fortemente envolvida na administração da crise soberana da região. De qualquer forma, a França aparece, no momento, como a economia mais fragilizada entre as seis que sustentam o rating AAA na zona do euro, carregando a maior dívida e a maior taxa de dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que a França deveria preparar medidas de contingência para atingir suas metas de redução do déficit, ao publicar projeções de crescimento ao país inferiores as do governo francês. Tendo por base suas próprias projeções, o FMI disse que ajustes adicionais deveriam ser feitos para que o governo chegasse à sua meta de déficit público de 4,6% do PIB no ano que vem e de 3% em 2013.
Precesse afirmou ontem que o governo fará o que for necessário para manter suas metas de redução de déficit, conforme o prometido aos países parceiros da União Europeia, implicando que o governo francês provavelmente terá de realizar reduções adicionais no déficit.