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Estado de Minas

Etanol fica competitivo com o desabastecimento nos postos de Minas

Preço do litro do álcool caiu e já chega a representar menos de 70% do valor da gasolina


postado em 12/08/2011 06:00 / atualizado em 12/08/2011 08:08

Em Belo Horizonte já é possível encontrar postos oferecendo o litro do álcool por preços bem mais vantajosos para evitar problemas com a gasolina(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Em Belo Horizonte já é possível encontrar postos oferecendo o litro do álcool por preços bem mais vantajosos para evitar problemas com a gasolina (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
 

Diante da seca da gasolina nos postos de Minas, os revendedores de combustível têm reduzido o preço do etanol para evitar o desabastecimento completo e a consequente perda de clientes. Dias depois de as distribuidoras reajustarem em até R$ 0,06 o valor do litro da gasolina, por causa da necessidade de se buscar combustível nas refinarias de São Paulo e do Rio de Janeiro, a reação dos donos de postos foi abaixar em até R$ 0,08 o preço do etanol nas bombas, mesmo com as perspectivas de moagem da cana-de-açúcar estarem abaixo do esperado. Com isso, se até a semana passada o álcool era tido como vilão dos motoristas no estado e empresários da indústria da cana-de-açúcar chegaram até a prever o sepultamento dos carros flex, em alguns postos já se encontra equilíbrio no preço dos dois combustíveis. Em BH já há casos em que o valor do litro do etanol já está abaixo dos 70% do preço da gasolina, o que o deixa mais vantajoso.

O Estado de Minas percorreu ontem 10 postos da Região Centro-Sul de Belo Horizonte e comparou os preços dos dois combustíveis com os valores encontrados na última pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), feita no dia 2 de agosto e divulgada na sexta-feira passada. No comparativo, é possível constatar que cinco postos reajustaram o valor da gasolina e o aumento chega a R$ 0,147, no Posto Petromar, localizado na Rua Mato Grosso, 212, no Barro Preto. O reajuste é equivalente a 5,61% do preço anterior. Em todos os postos em que houve aumento, segundo funcionários, também registrou-se desabastecimento em pelo menos um dia desta semana. Nos outros quatro postos visitados pelo EM, o preço manteve-se inalterado em relação ao levantamento da ANP.

Como o problema de falta de combustível não afeta todos os postos – os mais prejudicados são os das bandeiras Ipiranga e Petrobras –, a solução encontrada por quem sofre com a seca é diminuir o valor do álcool, aumentando a competitividade e possibilitando que os motoristas optem por aquele que estiver com menor preço. Na rota percorrida pela reportagem, a maioria dos postos reduziu o preço do etanol ou optou pela estabilidade.

Dono de um posto na Rua dos Goitacazes, no Barro Preto, na Região Centro-Sul, e três no interior do estado, o empresário Guilherme Procópio afirma que a distribuidora aumentou em R$ 0,03 o litro da gasolina e, com isso, ele foi obrigado a repassar o valor para o consumidor. Em contrapartida, para não perder clientes e evitar a falta diária de combustível, ele decidiu abaixar o preço do etanol. “A solução é ganhar menos no álcool para tentar torná-lo mais atrativo. Mas, ainda assim, o pessoal não abastece com álcool”, afirma o empresário. A explicação, segundo ele, é que a alíquota do ICMS cobrada sobre o produto (22%) faz com que seja inviável optar pelo etanol em Minas e, como os motoristas já estão acostumados a escolher gasolina, nem fazem o cálculo para comparar os dois. “Até a semana passada, eu vendia entre 6 mil e 7 mil litros de gasolina por dia, agora estou vendendo até três vezes menos”, afirma Procópio. No posto, ontem, as bombas de gasolina aditivada amanheceram vazias e ao meio-dia a comum também acabou. Quando chegará ele não sabe responder.

Próximo dali, no Posto Petromar, na Rua Mato Grosso, a solução foi semelhante: com as distribuidoras cobrando R$ 0,025 a mais pelo litro da gasolina, o custo foi repassado para as bombas e o produto passou de R$ 2,619 para R$ 2,766 – o maior aumento entre os pesquisados pelo EM. Por consequência, os revendedores decidiram diminuir em R$ 0,07 o litro do etanol. O resultado é que passou a compensar abastecer com álcool, que representa 68% do valor da gasolina. “Temos convênio com muitas empresas, por isso, temos que garantir que não vai faltar gasolina. A solução foi incentivar aos demais a encher os tanques com etanol, evitando o desabastecimento”, afirma o gerente da unidade, José Romeu Soares. Com as alterações de preço, os ganhos sobre o litro do álcool caíram de R$ 0,14 para R$ 0,07, ou seja, perderam metade dos ganhos com o produto. “Quem vai cobrir o prejuízo eu não sei, mas quem vai sofrer com o problema é o dono do posto”, afirma Soares.

Em falta

Nos dois postos do empresário Osvaldo Lara Filho, diariamente é preciso avisar aos clientes que o combustível acabou. São encomendados 20 mil litros/dia para abastecer a unidade do Bairro Sagrada Família, mas a distribuidora repassa até 75% menos, o que resulta na seca das bombas. “Vamos reivindicar que o preço do etanol seja reduzido para ser competitivo e para que quem tem carro flex possa ter duas opções que valem a pena”, afirma.

O desabastecimento dos postos é resultado da manutenção da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Grande BH. A Petrobras afirma que a parada se prolongará até o fim do mês. Sem o pleno funcionamento da linha de produção, as distribuidoras recebem 25% menos que o total demandado e, por isso, é preciso buscar combustível em estados vizinhos. O transporte encarece o produto em até R$ 0,15, segundo cálculos do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Em nota, a Shell confirmou que aumentou o preço do litro do combustível. “Em função da parada para manutenção da Regap, [a Shell] está abastecendo seus postos de combustíveis em Minas Gerais por meio de refinarias alternativas, como Duque de Caxias (RJ) e Paulínia (SP). Em decorrência disso, há um aumento de custo, o que resulta em repasse para os postos revendedores”, diz o texto.

O que nos interessa
Vantagem nas bombas

A queda nos preços do etanol nas bombas de combustível pode possibilitar aos motoristas mineiros o abastecimento com o produto. Diante de uma safra de cana-de-açúcar insuficiente, o preço do álcool se manteve caro e, por isso, permaneceu vantajoso abastecer com gasolina no estado. Esse quadro começa a mudar com o problema da escassez do derivado do petróleo. Para saber qual combustível escolher, o consumidor deve comparar os preços. Especialistas apontam que, se o valor do litro do etanol representar até 70% do preço da gasolina, é melhor optar por ele. Resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) obriga aos revendedores a afixar mensagem comparando os preços de ambos.


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