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Estado de Minas

Crise econômica deixa o mundo à beira de uma recessão

Crescimento zero da França no trimestre e revisão para baixo de PIB dos EUA e do Japão apontam para período de retração


postado em 13/08/2011 07:50 / atualizado em 13/08/2011 08:03

Mantega (E) se reuniu com ministros das Finanças de 12 países(foto: Enrique Macariam/Reuters)
Mantega (E) se reuniu com ministros das Finanças de 12 países (foto: Enrique Macariam/Reuters)


Brasília – A crise que se abate sobre Europa e Estados Unidos começa a ganhar nova forma, a de recessão. A cada dia especialistas revisam seus cenários para pior e, ontem, com França registrando zero de crescimento, Japão reduzindo as perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) e a Grécia oficialmente em recessão, os mais pessimistas acreditam que se abriu a porta para o caos que devastou economias em 2008. O medo de que países periféricos da Zona do Euro dêem o calote e levem bancos à falência aumentou.

Os EUA, apesar da Europa em frangalhos, também estão no cerne da turbulência. Depois de ter sua nota soberana rebaixada e espalhar pânico pelas bolsas do mundo inteiro no início da semana, agora as previsões para a terra do Tio Sam apontam para um recuo do PIB no terceiro trimestre. Os números dos primeiros três meses do ano também foram revisados para baixo, de 1,9% para apenas 0,4%. Ao lado disso, a confiança do consumidor norte-americano caiu ao menor patamar desde 1980 causando ainda mais medo de que a economia que é uma das locomotivas do planeta pare. O nível de confiança recuou de 63,7 pontos em julho para 54,9, em agosto.

Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o cenário é inequívoco, o mundo está passando por “uma desaceleração adicional”. “Principalmente EUA e Europa. Entretanto, não dá ainda para caracterizar se é uma queda em W ou não”, observou. “O mundo, agora, tenta postergar ou segurar esse ritmo de desacelração para que ele não chegue a um aprofundamento global maior.”

A agência de estatística da França embasa os argumentos de Tingas. Ontem, ela informou que o PIB do país registrou variação zero entre abril e junho comparado ao primeiro trimestre, quando o resultado havia sido de 0,9%, o melhor dos últimos cinco anos. O desempenho foi puxado pelos gastos do consumidor que, sem confiança, reduziu as compras em 0,7%. A produção industrial na Zona do Euro também decepcionou ao encolher 0,7% em junho contra o mês imediatamente anterior.

“Isso pode sugerir que a fraqueza pode persistir também no terceiro trimestre”, avaliou Giada Giani, economista do Citigroup em Londres. Elson Teles, economista-chefe da gestora de recursos Máxima Asset Management, faz coro a Ginai. “A situação mais grave sem dúvida está na Europa. Mas falta um gatilho para virar recessão, uma moratória ou a quebra de um banco que transforme essa crise em algo sistêmico e reduza drasticamente a liquidez”, ponderou.

CRISE LONGA
“Temos de nos preparar para um longo período de crise.” A frase foi dita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos ministros de Economia dos 12 países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), reunidos em Buenos Aires. “Temos também de estar prontos para uma crise mais longa nos países avançados, de modo a aproveitar a situação que existe hoje nos países da América Latina.” Os ministros dos países da Unasul aprovaram a ampliação do Fundo Latino-Americano de Reservas (FLR), mecanismo do qual o Brasil ainda não participa. Para integrar o fundo, os países devem pagar cotas de US$ 125 milhões a US$ 500 milhões.

FUNDO GWI É FECHADO
A forte queda da bolsa já provocou estragos no mercado de fundos de investimento. Os nove fundos da gestora de recursos GWI Asset Managemet, conhecida pela atuação agressiva no mercado de ações e derivativos, foram fechados para aplicações e regastes até o dia 26. Um único fundo da GWI, o Private, perdeu 273,1% só no dia 10 e quebrou, ficando com patrimônio negativo de R$ 25 milhões, fato raro no mercado de fundos brasileiro. Os fundos da GWI são voltados apenas para investidores de alta renda, com aplicação mínima de R$ 250 mil.


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