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Estado de Minas

Gasolina passa de R$ 3 outra vez em Minas Gerais

Pesquisa da ANP mostra que valor do litro do derivado de petróleo saiu da casa dos R$ 2 em Minas. Em BH, preço máximo nas bombas está em R$ 2,99, mas pressões continuam


postado em 17/08/2011 11:35 / atualizado em 17/08/2011 15:35

Duas semanas depois de iniciada a parada técnica da Refinaria Gabriel Passos (Regap), o que resultou na seca das bombas e aumento do preço da gasolina, o litro do combustível volta a ultrapassar a barreira de R$ 3 em cidades do interior de Minas. Na capital, os preços esbarram na marca: o valor máximo encontrado é de R$ 2,99. É a segunda vez no ano que a gasolina chega nesse patamar. Entre abril e maio os consumidores também já tinham sido surpreendidos com os preços elevados marcados nas bombas.

Os valores atuais registrados em Minas são os mais altos registrados para agosto desde 2004, quando teve início a pesquisa de preços da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Em relação ao mesmo mês de 2010, os valores mínimos e máximos registrados pela pesquisa subiram 15,48% e 7,1%, respectivamente. E o pior: o contínuo crescimento da demanda pelo derivado do petróleo ante a impossibilidade de aumento da oferta da Regap deve significar alta no custo do abastecimento em postos de várias regiões de Minas, principalmente nos mais próximos de Betim – onde fica a refinaria –, obrigados a arcar com a conta do transporte do produto comprado em estados vizinhos.

O custo do transporte é o que tem mais pesado na composição do preço do litro da gasolina. Cálculos do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) mostram que a necessidade de se transportar de Rio de Janeiro e São Paulo pode onerar em até R$ 0,15 o litro do combustível. Em Ponte Nova, na Zona da Mata, com os aumentos registrados nos últimos dias, cinco dos nove postos da cidade ultrapassaram o valor de R$ 3, chegando a até R$ 3,09.

No Posto São Jorge, por duas vezes faltou gasolina desde a semana passada. Associado a isso o fato de a distribuidora ter aumentado em R$ 0,02 o litro do produto, o repasse para o consumidor foi inevitável, segundo o dono da revenda, Paulino Pinto Neto. Com o reajuste, o litro da gasolina subiu para R$ 3,04. “Encareceu na companhia, encareceu para o consumidor”, afirma o empresário. No Autoposto Ipiranga, para solucionar o problema, o proprietário Adilson Bombassaro aumentou o preço da gasolina e diminuiu o valor do etanol para forçar a opção pelo álcool. “A distribuidora aumentou R$ 0,11. Para nós, que vivemos de centavos, é muita coisa”, afirma o empresário, dizendo que por lá também há desabastecimento de diesel.

Pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que em outras quatro cidades o preço também supera R$ 3: Frutal, Januária, São Sebastião do Paraíso e Unaí. Em Montes Claros, o preço do litro de gasolina na bomba já está saindo a R$ 2,95, em média. Mas, a tendência é que, nos próximos dias, ultrapasse os R$ 3. É o que admitiu ontem o presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Márcio Hamilton Lima. Segundo ele, de 10 dias para cá, o preço do combustível sofreu um acréscimo de 4% para os revendedores, que ainda não repassaram o reajuste para o consumidor. “Por enquanto, os donos de postos estão segurando o preço antigo, ao máximo. Mas, não tem jeito. A tendência é repassar o aumento para os clientes”, afirmou o representante do Minaspetro, lembrando que a própria Petrobras “está forçando a barra para aumentar o preço e reduzir o consumo”.

Lima disse que no seu posto o atual preço do litro de gasolina é de R$ 2,95. Se aplicar o reajuste de 4%, o valor vai passar para R$ 3,06. Por isso, tem gente querendo abastecer o carro antes que o preço suba ainda mais. É o caso do enfermeiro Márcio Henrique Oliveira, de 27 anos. “Temos que aproveitar esse preço da gasolina antes que suba mais. Acabei de encher o tanque”, conta o montesclarense, que também usa uma moto para economizar.

REFLEXOS

No Centro-Oeste de Minas, o problema da falta de gasolina também já afeta o bolso dos consumidores. Encher o tanque ficou mais caro, mesmo nas cidades que ainda não registraram falta do combustível, como é o caso de Itaúna, a 80 quilômetros de BH. Até o momento, o município não teve problemas com a escassez do produto. No entanto, como as distribuidoras aumentaram o litro da gasolina em cerca de R$ 0,15, o preço nas bombas subiu. Foi o caso do posto Delta, que repassou R$ 0,10 desse valor para os motoristas. Hoje, a gasolina no estabelecimento custa R$ 2,89. “Tivemos que aumentar o preço. Reflexo de como está a situação na capital e em outras cidades do estado, que fizeram com que os distribuidores começassem a cobrar mais caro”, justifica o gerente Domingos Diniz.

Em Santo Antônio do Monte, a 194 quilômetros da capital, postos de combustível também tiveram que aumentar o preço da gasolina. No Posto Montense, o valor passou de R$ 2,87 para aproximadamente R$ 2,95. Segundo a gerente Mirelle Cristina Oliveira Rodrigues, os números podem subir ainda mais nas próximas semanas. Ela acredita que, desde o início da crise, o estabelecimento registrou um prejuízo de, pelo menos, R$ 15 mil. “Ficamos uma semana sem combustível. Quando finalmente conseguimos, o distribuidor repassou o aumento. E já tivemos notícias que haverá mais aumento pela frente”, conta.

Palavra de especialista

Adriano Pires - diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura

Problema não é localizado

Diante do boom da indústria automotiva nos últimos anos, com crescimento de 3 milhões de veículos nas ruas do país no ano passado, não houve acompanhamento dos investimentos em infraestrutura. A consequência é que a maioria das refinarias do país atingiram o limite de produção. Na Refinaria Gabriel Passos (Regap), o teto é de aproximadamente 160 milhões de litros de gasolina. A gasolina da Regap não será suficiente para abastecer o mercado mineiro e, com isso, será preciso buscar em outras localidades e também importar o produto. E o problema não é localizado apenas em Minas. Cerca de 5% do consumo de gasolina do país será importado neste ano e, com isso, a Petrobras terá que custear o produto. Os preços na refinaria estão congelados desde 2009 e a estatal paga R$ 1,35 por litro importado, sendo que vende o mesmo por R$ 1,05. Ou seja, perde R$ 0,30 por litro importado.


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