Os bons resultados dos reajustes salariais no primeiro semestre devem se manter, devido à expectativa de negociações de grandes categorias na segunda metade deste ano e como reflexo do bom desempenho da economia em 2010, que propiciou a manutenção do crescimento do mercado interno. A análise foi feita hoje pelo coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado de Oliveira, durante balanço dos reajustes salariais no primeiro semestre de 2011.
Segundo ele, as negociações salariais de petroleiros, bancários e metalúrgicos, previstas para o segundo semestre, têm grande influência sobre as demais categorias. "Os resultados dessas negociações têm reflexo sobre as outras pelo poder de mobilização, pela tradição e pelo que representam essas três categorias para a economia brasileira", comentou. Os resultados
De acordo com o balanço, os seis primeiros meses de 2011 apresentaram o segundo melhor resultado da série medida pelo Dieese, ficando atrás apenas do primeiro semestre de 2010. No mesmo período do ano passado, 86,7% das negociações resultaram em aumentos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). No primeiro semestre deste ano, o porcentual chegou a 84 4%. Prado de Oliveira considerou a queda insignificante. Segundo ele o que pode ter contribuído para a baixa nos resultados no primeiro semestre é a inflação em alta nos últimos 12 meses e o pequeno ganho real do salário mínimo em 2011.
O dirigente do Dieese afirmou que a atual crise internacional deve ter reflexos na economia brasileira, mas que o mercado interno pode "salvar" o cenário nacional. "Os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão não devem mostrar crescimento neste ano e a China deve diminuir a expansão da sua economia. Então, o mercado interno será a nossa salvação", afirmou. Ainda que classifique o cenário externo como "nebuloso", o coordenador da entidade considerou que a crise mundial pode ter bons efeitos para o Brasil, como a queda nos preços das commodities, alívio para a inflação e maior espaço para a queda da taxa básica de juros.