As sacolas retornáveis entraram para o dia a dia de compras do consumidor de Belo Horizonte. De cada 10 pessoas que enchem os carrinhos de supermercado, nove já usam a sacola retornável, segundo levantamento da Associação Mineira de Supermercados (Amis). Depois de quatro meses de implantação da lei 9.529/2008 na capital mineira, que proibiu a distribuição de vários tipos de sacolinhas de plástico descartáveis no comércio, foram comercializadas cerca de 2 milhões de sacolas retornáveis. Cada uma é vendida a valor médio de R$ 1,98.
Ao que parece, o consumidor não quer mais pagar pelas sacolinhas avulsas. No primeiro mês depois do lançamento da lei foram comercializadas 270 mil sacolas compostáveis, vendidas a R$ 0,19 a unidade. Já no quarto mês, esse número despencou para 10 mil unidades. “A adesão às sacolas retornáveis surpreendeu. Ao cobrar pela unidade, as pessoas deixam de usar as compostáveis”, afirma Adilson Rodrigues, superintendente da Amis.
As tradicionais sacolinhas plásticas brancas custavam ao varejo entre R$ 0,02 e R$ 0,03, segundo Rodrigues. Ele garante que as redes varejistas não estão tendo ganhos com as vendas das sacolas retornáveis e compostáveis. “O nosso conceito é repassar a sacola a preço de custo. Não há nenhum interesse do supermercado em ter ganho com isso”, observa Rodrigues.
A fiscalização da prefeitura vai ser mais rigorosa a partir de agora com a venda e distribuição de sacolas nos supermercados, de acordo com as exigências da nova legislação. O levantamento da Amis apontou que 100% das grandes redes de supermercado já usam sacolas retornáveis. No pequeno varejo, esse índice é de 85%. “O que era tolerado, agora vai ser exigido. Não é justo que uma rede cumpra a determinação e outra não”, diz Rodrigues.
Desde essa quinta-feira, as sacolas de plástico compostáveis precisam ter impresso a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a NBR número 15448-2: 2008, que trata de embalagens plásticas degradáveis e/ou de fontes renováveis. O Secretário Municipal de Serviços Urbanos da PBH, Pier Senesi, ressalta que o comerciante que estiver fora da nova legislação de sacolinhas vai ser notificado e terá 30 dias para fazer as adaptações necessárias. Em seguida, pode ser multado em R$ 1 mil, com cobrança em dobro no caso de reincidência. As sacolas recicladas precisam ter espessura mínima de 0,3 milímetros. “As sacolas com espessura menor do que isso já passaram por mais de um processo de reciclagem”, explica Senesi. Ele ressalta que o próximo passo é que a sacola de lixo também seja produzida de outro material.
Os varejistas ainda têm dúvidas quanto ao uso das sacolinhas dentro da legislação. “Há hoje no mercado muitos tipos de sacolas. Não sabemos o que podemos e o que não podemos usar. Os fabricantes falam que são ecológicas, mas não conhecemos direito”, diz Leonardo Braz de Almeida, diretor da 1.001 Festas, loja de artigos de festas com três unidades na capital.