O diretor-geral da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), Bernardo Figueiredo, defendeu nesta sexta-feira que seja dado foco no transporte rodoviário do Brasil, revertendo o quadro de deterioração do setor, já que é este segmento que vai sustentar, logisticamente, o crescimento econômico brasileiro esperado para os próximos anos. "O País é 'rododependente' e vai continuar assim por um bom tempo", afirmou no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio de Janeiro. "Às vezes se negligencia que é este o segmento que vai sustentar o crescimento."
Figueiredo citou as cenas recorrentes de longas filas de caminhões, que acabam servindo para estocar produtos. "Isso é um contrassenso logístico. Caminhão não é para ficar parado, é para rodar." Segundo ele, nem sempre melhorar a logística significa construir novas estradas que demandem investimentos vultosos. "É preciso olhar para a situação operacional da logística, que às vezes é mais fácil e simples de resolver do que uma grande obra."
Ele citou o caso de transportadores autônomos, que representam de cerca de 60% do que é transportado no País. Como eles operam informalmente, não têm acesso a financiamento para renovar a frota, que é antiga, com 20 anos em média. "Eles trabalham num regime de semiescravidão, recebem uma carta que lhes dá direito a consumir em postos de gasolina credenciados", disse. A agência criou um sistema para que o chamado carreteiro receba formalmente pelo seu trabalho, o que lhe abre caminho para linhas de financiamento.