O presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Marcelo Giufrida, afirmou nesta terça-feira que não há coerência no diagnóstico do cenário atual e na formulação de possíveis ações para solucionar a turbulência global. "Há uma grande interrogação se estamos tendo uma segunda crise ou um desdobramento do estresse de 2008. Estamos num período bastante ansioso e de dificuldade de consenso, como nunca vi", disse, no 8º Seminário Anbima de Direito do Mercado de Capitais.
Na visão de Giufrida, o tempo deve contribuir para a resolução do cenário atual, à medida que as pessoas recuperem sua poupança os governos avancem quanto a solução para suas dívidas fiscais e as empresas, que estão numa "situação melhor",
O executivo citou que aguarda dados dos Estados Unidos, como na próxima sexta-feira, quando será anunciada a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre, e está previsto o discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Enquanto isso, no Reino Unido, sai o PIB preliminar de julho.
Sobre o Brasil, o presidente da Anbima alegou que o país está administrando um "tipo diferente de problema", com crescimento acima da média mundial, e a possibilidade de mantê-lo nos próximos anos, e inflação dentro da faixa estipulada pelo Banco Central. "Vivemos uma situação meritória, mas temos desafios importantes", disse, citando "um senso de urgência" tanto no investimento em infraestrutura devido aos eventos esportivos mundiais previstos para acontecer no Brasil como também na exploração de riquezas naturais.
Neste cenário, o mercado de capitais é, em sua visão, o ator preponderante. No entanto, este setor não está completo, segundo ele. Isso porque embora tenha uma força grande, além do desenvolvimento de fundos, previdência e bolsa, falta dar mais dinamismo e ampliar o segmento de renda fixa. "Este setor é fundamental para o fornecimento de funding para projetos de infraestrutura", disse.