Com o aperto das regras impostas pelo governo de um lado e a crise internacional que tomou conta dos mercados nas últimas semanas do outro, bancos que operam no Brasil reduziram significativamente suas apostas na continuidade da valorização do real.
Dados do Banco Central revelam o movimento ao mostrar que as instituições estão se aproximando da neutralidade em sua exposição no mercado de câmbio à vista, situação que não era observada há muito tempo. Por acreditar menos que o real
Até sexta-feira, as apostas na valorização do real somavam apenas US$ 1,99 bilhão, o menor valor desde março de 2010, quando o sistema ainda estava apostando na desvalorização do real. Em julho, a chamada “posição vendida” dos bancos era de US$ 6,30 bilhões, já bem inferior ao verificado nos meses anteriores, quando chegou a bater a marca de US$ 16 bilhões e deflagrou as críticas frequentes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que classificou o movimento de “guerra cambial”.
Para o diretor da associação Brain, André Sacconato, o motivo maior para essa nova rodada de queda na exposição cambial dos bancos é a crise. Segundo ele, em momentos de elevada incerteza, como o atual, é natural que as instituições fiquem mais retraídas.
Na visão do economista, a tendência é que, assim que o mercado se acalmar mais claramente, os bancos elevem suas apostas na alta do real. Mesmo assim, ele não acredita que a exposição cambial ficará muito elevada, por causa da restrição forte imposta pelo Banco Central (BC).
Silêncio
O chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel se recusou a tecer comentários sobre “movimentos de mercado”. Em uma lacônica resposta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avaliou como “positiva” a redução da posição vendida dos bancos.