A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota da dívida soberana do Japão em um degrau nesta quarta-feira, colocando novas pressões aos líderes políticos do país para sanarem suas contas públicas. A Moody's informou estar cortando a nota do Japão de Aa2 para Aa3, citando "os grandes déficits orçamentários e o aumento da dívida do governo japonês desde a recessão global de 2009", de acordo com a Dow Jones Newswires.
A agência destacou "vários fatores que tornam difícil para o Japão reduzir a proporção do endividamento em relação ao PIB". "O desastre (do tsunami) atrasou a reativação após a recessão mundial de 2009 e agravou a deflação. As perspectivas de crescimento econômico são baixas, o que dificulta ainda mais ao governo alcançar os objetivos de redução do déficit e lançar uma vasta reforma do sistema fiscal e da previdência social", destaca a Moody's. "Nos últimos cinco anos, as frequentes mudanças de dirigentes impediram que o governo aplicasse estratégias econômicas e fiscais eficientes e duradouras".
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, qualificou a redução da nota de "lamentável". É a primeira vez desde o terremoto de 11 de março que uma grande agência de risco reduz a nota do Japão. A Moody's informou que a perspectiva é estável. A decisão
A última vez que a Moody's alterou a nota do Japão foi em maio de 2009, quando elevou-a de Aa3 para Aa2. A posição fiscal do Japão piorou no último ano, fazendo a agência reduzir a perspectiva para a nota do país, em fevereiro de 22. A Moody's anunciou uma revisão para possível rebaixamento em 31 de maio, citando dúvidas sobre se os líderes políticos do país seriam capazes de conter a maior dívida do mundo industrializado.
O rebaixamento ocorre menos de uma semana antes de o Japão escolher um novo primeiro-ministro, que se tornará o sexto líder do país em cinco anos. A dívida japonesa equivale a cerca de 200% de seu Produto Interno Bruto (PIB), após anos de medidas de injeção de recursos na economia, em uma tentativa mal sucedida de evitar o declínio econômico.
O rápido envelhecimento da população, a deflação e a desaceleração da economia fizeram com que os líderes políticos tomassem cada vez mais empréstimos. O Japão emitirá mais títulos no fim deste ano para ajudar a financiar a reconstrução do país após o desastre de março. A agência também anunciou nesta quarta-feira a redução média em um grau da nota da dívida a longo prazo dos grandes bancos japoneses.
A Moody's rebaixou a avaliação do Mizuho Bank, Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ e do Sumitomo Mitsui Banking. A decisão foi uma consequência da redução da nota do Japão e dos temores de que o país tenha menos capacidade no futuro para apoiar o setor bancário no caso de uma nova crise financeira.