O primeiro-ministro da França, François Fillon, anunciou nesta quarta-feira medidas de austeridade destinadas a gerar economias adicionais de 12 bilhões de euros, sendo 1 bilhão de euros este ano e os outros 11 bilhões de euros em 2012. Ao mesmo tempo, ele reduziu as previsões de crescimento econômico do país para 2011 e 2012.
Fillon disse que a desaceleração do crescimento nos EUA e a crise da dívida soberana europeia estão pesando sobre a economia francesa, o que levou o governo a buscar medidas extras para ampliar as receitas. Ele afirmou que a economia da França vai crescer apenas 1,75% neste ano, em vez de 2,0% como calculado anteriormente, e à mesma taxa en 2012, abaixo do cálculo anterior de 2,25%.
"Seria irresponsável não levar em conta esta situação e basear nossa estratégia de redução de déficit em cenários demasiadamente otimistas", afirmou Fillon. "A realidade nos levou a ajustar nossas estimativas de crescimento. Buscamos adotar medidas que não vão quebrar o motor do crescimento."
As medidas exigem aprovação do Parlamento e algumas serão apresentadas aos parlamentares na próxima semana. As iniciativas para corte de custos são uma combinação de um congelamento adicional nos gastos do governo, um aumento de
A economia prevista de 1 bilhão de euros neste ano e 11 bilhões de euros em 2012 permitirá que a França reduza a meta de déficit do próximo ano para 4,5%, de 4,6% do Produto Interno Bruto. A meta para o déficit este ano é de 5,7% do PIB. A revisão em baixa do PIB é feita depois de o crescimento da economia ter estagnado no segundo trimestre, com o forte corte nos gastos das famílias.
Como parte de um esforço para harmonizar seu sistema tributário com o da Alemanha, a França também vai limitar a possibilidade de as companhias francesas rolarem seus prejuízos para o balanço do ano seguinte a fim de se beneficiarem de incentivos fiscais.
O imposto extraordinário sobre os mais ricos será aplicável aos que ganham mais de 500 mil euros por ano. Será aplicado a partir de 2012 e arrecadará 200 milhões de euros adicionais. O governo disse que o imposto estará em vigor até que o déficit caia a 3% do PIB.
O governo decidiu aumentar os encargos sociais sobre ganho de capital de 12,3% para 13,5%, uma medida que deve gerar receitas adicionais para o orçamento de 1,3 bilhão de euros em 2012. O governo eliminou uma brecha que isentava ganhos de capital no setor imobiliário para segundas residências, embora a norma ainda se aplique à primeira residência. A medida deve gerar 2,2 bilhões de euros em 2012.
O preço do tabaco vai subir 6% em outubro e outros 6% em 2012. O imposto sobre bebidas alcoólicas será elevado no próximo ano. A decisão de criar um novo imposto para os mais ricos foi anunciada um dia depois de um grupo de franceses de alta renda ter divulgado carta afirmando que desejam ajudar a França neste período difícil. "A França enfrenta uma crise sem precedentes", disse Maurice Levy, chairman da Publicis SA, que assinou a carta com outras 15 pessoas. "Os ricos precisam contribuir mais do que os pobres", afirmou.