Principal vítima da escalada dos índices inflacionários no Brasil, Belo Horizonte dificilmente conseguirá deixar até dezembro a posição que alcançou nos sete primeiros meses do ano e que insiste em corroer o bolso dos mineiros. A capital registrou avanço de 0,46% em agosto no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Foi o maior percentual entre todas as capitais pesquisadas. Na compração entre a segunda e terceira semanas, o IPC-S de Belo Horizonte mais que dobrou, saindo do patamar de 0,22% – que já havia sido o resultado com maior variação positiva frente à semana anterior.
Já no acumulado do ano até julho, BH, Juntamente com Porto Alegre, registrou a maior variação do IPC-S. Enquanto a média nacional foi de 3,8%, nas duas capitais o dragão foi mais impiedoso e o indicador fechou em 4,1%. Na última semana, o IPCA-15 medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia confirmado que entre as 11 capitais pesquisadas Belo Horizonte apresentava a maior variação no acumulado até agosto, com alta de 4,82% ante média nacional de 4,48%.
Para o coordenador do curso de economia do Ibmec, Márcio Salvato, BH dá sinais de que vai fechar o ano com a amarga posição de capital da inflação. “Parece que estamos caminhando nesse sentido, já que os fatores que explicaram o comportamento dos preços até agora deve continuar até o final do ano”, avalia. Segundo o especialista, o crescimento da
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego da Grande BH em junho fechou em 4,6%, a menor entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas e muito abaixo da média nacional de 6,2%. Ainda de acordo com o IBGE, a renda média da população empregada fechou o mês em R$ 1.553,40 que, apesar de não ser a maior, foi a que mais subiu em 12 meses. Enquanto o crescimento médio do rendimento entre as seis capitais pesquisadas foi de 4%, em BH a variação chegou a 9,2%, muito afrente do segundo colocado, o Rio de Janeiro, com expansão de 5,4%. Os dados de julho serão divulgados hoje pelo instituto.
“Tem um movimento nacional de aumento da renda, mas como aqui foi maior e há uma falta de oferta, os preços crescem mais do que em outros lugares”, avalia o analista do IBGE, Antônio Braz de Oliveira e Silva. O setor de serviços foi um dos que mais sofreu com o comportamento dos preços. “Para algumas coisas, como aluguel e alimentação fora de casa, BH era considerada barata, mas houve aproximação com preços de outras capitais tradicionalmente mais caras”, pondera Braz.
Para o pesquisador do Ibre/ FGV Paulo Picchetti, só será possível avaliar se o custo de vida em Belo Horizonte está subindo em velocidade maior que as demais capitais no final do ano. “No segundo semestre, algumas capitais, como São Paulo, terão reajustes de tarifas que BH já registrou no início do ano, o que pesa muito”, avalia Picchetti. Nos últimos 12 meses, o IPC-S de Belo Horizonte, em 6,12%, ainda está abaixo da média nacional, que já chega a 6,58%.
Vilões
Foi precisamente o grupo de alimentação que exerceu a maior pressão inflacionária na terceira semana de agosto, saindo de uma variação de 0,33% para 1,13%, mais do que três vezes maior. Outro vilão da inflação no período foi o segmento de transportes puxado principalmente pelo comportamento de preços da gasolina. Em relação à semana anterior, a variação de preços do combustível fóssil dobrou de 0,52% para 1,02%. Segundo levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro realizado entre segunda-feira e nessa quarta-feira em 152 postos da Grande BH, os preços da gasolina subiram 3,03% em relação a 2 de agosto. O preço médio entre os revendedores subiu de R$ 2,74 para R$ 2,82 no período.