O setor de serviços, por sua dependência do mercado interno, sofreu menos durante a eclosão da crise econômica mundial do que o setor industrial, segundo a Pesquisa Anual de Serviços, referente a 2009, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O ano de 2009 é especial, porque ainda temos os reflexos da crise. Mas o Brasil se recuperou bem e o setor de serviços tem um papel nesse desempenho, por ter sua produção basicamente voltada para o mercado interno", afirmou o economista Guilherme Telles, analista do IBGE.
Telles contou que a receita operacional líquida do setor de serviços cresceu 10,9% em 2009 ante 2008, mostrando ainda vigor, mesmo em plena crise. O crescimento em 2008 ante 2007 foi maior, de 18%. "A variação na receita nominal não foi tão grande quanto a registrada em 2008, mas ainda assim é significativa frente aos outros setores da economia brasileira", disse o analista do IBGE.
Em 2009, o IBGE estimou em 918,2 mil o número dessas empresas no país. O levantamento levou em conta apenas as empresas de serviços que não são financeiras. A receita operacional líquida - diferença entre a receita bruta e o pagamento de impostos, abatimentos, descontos e vendas canceladas - foi de R$ 745,4 bilhões, enquanto o valor adicionado - o valor bruto da produção menos o consumo intermediário - foi de R$ 418,1 bilhões. As empresas de serviços ocuparam 9,7 milhões de pessoas no ano do levantamento e pagaram R$ 143,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. "Os números mostram a magnitude desse segmento", ressaltou Telles.
No entanto, uma pequena fatia delas, as empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas, 5,5% do total, foi responsável pela maior parte da receita, empregos e remunerações. Ao todo, essas empresas, 50,6 mil, representaram 78,7% da receita operacional líquida (R$ 586,3 bilhões), 75,2% do valor adicionado, 65,8% do pessoal ocupado e 77,4% dos salários, retiradas e outras remunerações.
As empresas do segmento de "serviços prestados principalmente às famílias" foram mais numerosas, somando 288.286 unidades, ou 31 4% do total das companhias de serviços. Entretanto, as empresas de "serviços profissionais, administrativos e complementares" responderam por 3,89 milhões de pessoas ocupadas, 40,2% do total. Essas companhias também pagaram R$ 49,3 bilhões em remunerações, ou 34,3% da massa salarial, e R$ 133,5 bilhões de valor adicionado do setor de serviços, ou 31,9% do total. A receita operacional líquida das atividades imobiliárias registrou o maior crescimento em 2009, de 23,8%, seguida pela dos serviços prestados às famílias, que subiu 21,2%.
Sudeste
As empresas prestadoras de serviços tendem a se localizar nas regiões de maior aglomeração humana e empresarial, segundo a Pesquisa Anual de Serviços, referente a 2009, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto, a região Sudeste foi a que apresentou maior receita, maior número de pessoas ocupadas e maior massa salarial paga aos trabalhadores.
"O setor de serviços é extremamente dependente dos aglomerados urbanos, populacionais ou empresariais. Então não adianta fazer política de incentivo de serviços fora das regiões urbanas, porque ela é menos eficiente do que a política industrial. O polo de serviços necessita estar ligado ao aglomerado urbano", ressaltou Guilherme Telles, analista do IBGE.
No Sudeste, as empresas de serviços foram responsáveis por 66,4% da receita bruta de prestação de serviços, por 60,7% do total de pessoal ocupado, 67,2% da massa de salários e outras remunerações pagas, e 60,2% do número de empresas. As empresas da região Sul responderam por 14,1% da receita bruta 15,5% do pessoal ocupado, 13,6% dos salários, e 21,6% das empresas de serviços do País. Já o Nordeste registrou 9,8% da receita bruta, 13,8% do pessoal ocupado, 10,2% dos salários, e 10,2% do número de empresas.
A região Centro-Oeste teve 6,9% da receita bruta de serviços, 7 0% do pessoal ocupado, 6,6% da massa salarial, e 6,5% do número de companhias. Por último, a região Norte amealhou 2,8% da receita bruta, 3,0% do pessoal ocupado, 2,4% da massa de salários, e apenas 1,5% do total de empresas. A atividade de serviços profissionais, administrativos e complementares foi a que se destacou em todas as regiões do País tanto em pessoal ocupado quanto em salários pagos.