O ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga fez uma avaliação positiva sobre a gestão econômica do governo Dilma Rousseff, especialmente em relação às manifestações realizadas nesta semana pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "O ministro disse que o governo vai utilizar instrumentos monetários desde que a inflação permita para coibir eventuais efeitos da crise sobre o Brasil e também destacou que a consolidação fiscal será mantida com rigor até 2014 com a realização de superávits primários cheios, sem desconto de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)", ponderou.
"Vejo com bons olhos sinais do governo Dilma e é muito bem-vinda a mudança no mix da política macroeconômica", afirmou Fraga, em vídeo gravado e exibido durante a abertura do 5º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais. Fraga está nos EUA acompanhando o nascimento de seu neto e não compareceu pessoalmente ao evento promovido pela BM&FBovespa em Campos do Jordão (SP).
Fraga destacou que a estratégia do governo de manter o rigor na gestão fiscal no longo prazo é muito oportuna, especialmente na atual conjuntura internacional, dado que os países centrais, como os EUA e membros da zona do euro padecem de grandes dificuldades para administrar o déficit orçamentário e reduzir o tamanho da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). "Seria bom diferenciar Brasil da maioria esmagadora dos países, especialmente na questão fiscal ", afirmou.
Recessão
Fraga afirmou que a economia internacional corre o risco de enfrentar nova recessão mundial. "Dados recentes mostram quadro delicado na União Europeia e Estados Unidos", comentou, no vídeo. "Na União Europeia, o setor financeiro se aperta com dificuldade de captação", disse.
De acordo com Fraga, o Brasil está em uma "encruzilhada", pois passou bem pela crise internacional de 2007 e agora precisa adotar medidas para dar continuidade à expansão da economia com equilíbrio inflacionário. "O País precisa investir mais e melhor e de governo mais eficiente", observou.
Na sua apresentação, Fraga destacou que é importante para o País construir condições para que as taxas de juros diminuam, pois o atual patamar elevado contribui para ingressos de capital de curto prazo e valorização do real. "Esse seria o melhor remédio para atacar a apreciação do câmbio", afirmou.