O ano de 2011 era para ser de festa na Itália. Há 150 anos, o país era unificado. Palácios e praças estão decorados para marcar o evento. Mas a festa não passa de ilusão. Tanto a população quanto os políticos sabem disso. O país também completa em 2011 um marco bem menos festivo: uma década perdida. Apenas três países e algumas regiões em guerra tiveram crescimento menor nos últimos dez anos.
Indústrias deixaram o país e se mudaram para a China. Centros de excelência tecnológica perdem espaço e as exportações não conseguem acompanhar. Nos últimos dez anos, a Itália foi o único país rico a sofrer contração real do Produto Interno Bruto (PIB) per capita. A produtividade dos trabalhadores despencou e o poder de compra do italiano caiu 4% em dez anos. Entre 2008 e 2009, o país perdeu 7% do PIB. Por enquanto, recuperou apenas 2%. Já a dívida explodiu e hoje é de 120% do PIB.
Temendo um colapso desse projeto, a Europa correu para socorrer a Itália de uma quebra. Conseguiu evitar o pior. Ainda assim o risco soberano da Itália continuou superior ao do Brasil e de vários países emergentes.
Para economistas, a perspectiva de nova geração de empregos ainda não está no radar. Em troca de ser blindada, a Itália se comprometeu a cortar investimentos, reduzir salários, aumentar impostos e demitir funcionários públicos. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) saudou a reforma. Mas alertou que a única forma de sair da crise é voltar a crescer.