As negociações entre a Grécia e os inspetores do Fundo Monetário Internacional (FMI), da União Europeia e do Banco Central Europeu (BCE) - a chamada troica - foram suspensas hoje, em meio a falta de consenso sobre a habilidade de o país atingir suas metas de déficit de orçamento, renovando as dúvidas sobre o acesso da Grécia à parcela de 8 bilhões de euros do pacote de ajuda de 110 bilhões de euros concedido no ano passado.
As negociações, que começaram no início desta semana, deveriam ser concluídas em 5 de setembro, mas foram suspensas após um encontro entre inspetores e a equipe técnica do Ministério das Finanças da Grécia ser inesperadamente interrompido na manhã de hoje.
Em questão está o acesso da Grécia a uma ajuda financeira internacional adicional, a qual está condicionada à introdução pelo governo de medidas adicionais de austeridade fiscal este ano, para garantir que o país receba a próxima parcela e possa honrar compromissos de dívida.
Segundo um funcionário do governo grego, a troica deve voltar à Grécia em cerca de 10 dias, após o governo grego ter preparado um rascunho do orçamento de 2012. "Eles voltarão em 10 dias quando tivermos um desenho pronto do orçamento de 2012", disse o funcionário, acrescentando que houve diferenças de opinião sobre se a Grécia irá reduzir o déficit orçamentário, que está acima do esperado.
"Quando voltarem, darão uma olhada no orçamento prévio e veremos como podemos resolver a questão", acrescentou. Divergências ocorreram quanto às projeções de crescimento econômico para este ano e para o ano que vem e sobre se o governo grego terá ou não de introduzir novas medidas para atingir as metas de déficit de 2011 e 2012.
O governo grego prevê contração de 4,5% a 5,3% este ano, acima da projeção de contração anterior de 3,9%, e atribui a incapacidade do país em atingir as metas de 2011 à recessão mais acentuada do que o esperado antes. As autoridades do governo grego dizem que o déficit orçamentário deste ano ficará em torno de 8,1% a 8,3% do PIB - acima da meta oficial de 7,6% - e não descartam um déficit ainda maior.
Segundo as fontes, a delegação de inspetores diz que o déficit irá chegar a 8,8% este ano e está pedindo à Grécia para aumentar os cortes de gastos para atingir a meta. Mas o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, tem afirmado publicamente que não há necessidade de adoção de novas medidas se o pacote de austeridade aprovado pelo Parlamento grego em junho for totalmente implementado.
"O lado grego insistiu que a meta não cumprida é resultado da recessão. A delegação diz que a recessão teve sua importância, mas que a Grécia basicamente não cumpriu seus compromissos, portanto, é necessário que mais medidas sejam adotadas para recuperar o terreno perdido", afirmou uma pessoa com conhecimento direto das negociações.
"Há uma clara discordância que não pode ser alinhada hoje", acrescentou. "A delegação diz a Venizelos que iria deixar a Atenas no final do dia de ontem", disse.