Chilenos, argentinos, italianos, franceses e especialmente chineses, os importados estão por toda parte. Para o bem ou para mal, o dólar em baixa vai fazer com que eles tenham papel decisivo no período de vendas do ano mais aguardado pelo comércio e indústria, o Natal. Apesar de a corrida às lojas estar muito distante, para que os produtos cheguem até as gôndolas e recheiem os estoques dos estabelecimentos comerciais, os preparativos começam já.
De um lado da balança, a indústria recebe encomendas e estima amargar prejuízos com o acirramento da concorrência, enquanto do outro, importadoras e supermercados comemoram o câmbio baixo e aproveitam para aumentar em mais de 20% as compras de itens de fora. A intensidade com que o pêndulo oscilará para um lado ou para o outro vai depender do comportamento do consumidor.
O cenário deve continuar negativo para a indústria nacional, que recebe encomendas do comércio e varejo desde agosto e está contratando pessoal para o período de maior produção, que começa na segunda quinzena deste mês e segue até novembro. Ao contrário do esperado, as fábricas não vão trabalhar a todo vapor.
Essa é a expectativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que estima queda da atividade industrial em relação ao Natal passado. “Este Natal será mais fraco. Estimamos queda de 5% no setor”, avalia o presidente do Conselho de Política Econômica da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes. “Se houver recuperação do consumo, a tendência é de que seja absorvida pelo produto importado, em função do câmbio baixo e dos preços baratos”, avalia Lincoln.
Os segmentos que mais devem sofrer com a concorrência acirrada são os de calçados, confecções, brinquedos e eletroeletrônicos. Ao contrário de 2010, quando houve temor de as prateleiras ficarem vazias às vésperas de 25 de dezembro por conta da forte demanda, este ano o cenário é outro. “Não há risco de faltarem produtos porque a capacidade ociosa da indústria aumentou”, avalia Lincoln.
A indústria nacional aposta em produtos diferenciados e mais artesanais para driblar a concorrência, principalmente dos chineses. Quem diria, o concorrente asiático coloca até mesmo os fabricantes de biquíni, ícone da moda brasileira, com as barbas de molho. “No nosso caso, o movimento sempre foi inverso. O pessoal lá de fora é que compra biquíni aqui. Mas ouvi falar que a moda praia chinesa está chegando”, afirma Mara Borges, diretora de marketing da Cila, indústria de moda praia e de ginástica, com a marca Jump.
No segmento de bolsas, calçados e tecidos, os chineses são a pedra mais antiga no sapato. “O dólar mais baixo pode criar mais dificuldades para o setor e atrapalhar as vendas de alguns produtos”, afirma Gilson Oliveira, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Minas Gerais (Sindicalçados-MG). Analisando o cenário de forma otimista, ele estima crescer entre 4% e 5% no Natal deste ano, na comparação com 2010. “Mas se empatar está positivo”, diz Oliveira.
JUROS
Se de um lado a concorrência de importados e a crise internacional desanimam as indústrias, a queda na taxa básica (Selic) de juros anunciada pelo governo na semana passada traz novo fôlego para o Natal. “Os juros mais baixos dão mais confiança para o consumidor comprar. Eu estava preocupado com a crise internacional, que traz efeito cascata no consumo”, afirma Michel Aburachid, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest-MG).
Mas os chineses ainda incomodam as confecções. “Quanto mais baixo o dólar, maior a entrada de chineses aqui. E eles estão aperfeiçoando os produtos para concorrer com a gente. Uma estratégia que muitas fábricas nacionais têm adotado é trocar a coleção com mais frequência, de três a quatro vezes ao ano”, afirma. Setores mais personalizados, como de uniformes, sofrem menos com a concorrência de importados.
As bolsas para as classes A e B são mais afetadas pela concorrência de marcas internacionais, avalia Luís Carlos Moreira, diretor da Covenant, fábrica mineira de sapatos e bolsas femininas. A bolsa para a classe A comercializada pela indústria tem valor médio de R$ 1 mil. “Acaba sendo concorrente direta de grandes marcas internacionais”, diz. Já a bolsa para a classe C, vendida a valor médio de R$ 360, concorre com os artigos chineses. “Temos investido mais em produtos artesanais para nos diferenciar. É uma forma de sair um pouco da concorrência e agregar mais valor às mercadorias”, diz Moreira. Para ganhar competitividade no Natal deste ano, a Covenant fechou negociações com grandes clientes. “É uma forma de suprir o desaquecimento do mercado e a queda do dólar”, explica Moreira.
De um lado da balança, a indústria recebe encomendas e estima amargar prejuízos com o acirramento da concorrência, enquanto do outro, importadoras e supermercados comemoram o câmbio baixo e aproveitam para aumentar em mais de 20% as compras de itens de fora. A intensidade com que o pêndulo oscilará para um lado ou para o outro vai depender do comportamento do consumidor.
O cenário deve continuar negativo para a indústria nacional, que recebe encomendas do comércio e varejo desde agosto e está contratando pessoal para o período de maior produção, que começa na segunda quinzena deste mês e segue até novembro. Ao contrário do esperado, as fábricas não vão trabalhar a todo vapor.
Essa é a expectativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que estima queda da atividade industrial em relação ao Natal passado. “Este Natal será mais fraco. Estimamos queda de 5% no setor”, avalia o presidente do Conselho de Política Econômica da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes. “Se houver recuperação do consumo, a tendência é de que seja absorvida pelo produto importado, em função do câmbio baixo e dos preços baratos”, avalia Lincoln.
Os segmentos que mais devem sofrer com a concorrência acirrada são os de calçados, confecções, brinquedos e eletroeletrônicos. Ao contrário de 2010, quando houve temor de as prateleiras ficarem vazias às vésperas de 25 de dezembro por conta da forte demanda, este ano o cenário é outro. “Não há risco de faltarem produtos porque a capacidade ociosa da indústria aumentou”, avalia Lincoln.
A indústria nacional aposta em produtos diferenciados e mais artesanais para driblar a concorrência, principalmente dos chineses. Quem diria, o concorrente asiático coloca até mesmo os fabricantes de biquíni, ícone da moda brasileira, com as barbas de molho. “No nosso caso, o movimento sempre foi inverso. O pessoal lá de fora é que compra biquíni aqui. Mas ouvi falar que a moda praia chinesa está chegando”, afirma Mara Borges, diretora de marketing da Cila, indústria de moda praia e de ginástica, com a marca Jump.
No segmento de bolsas, calçados e tecidos, os chineses são a pedra mais antiga no sapato. “O dólar mais baixo pode criar mais dificuldades para o setor e atrapalhar as vendas de alguns produtos”, afirma Gilson Oliveira, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Minas Gerais (Sindicalçados-MG). Analisando o cenário de forma otimista, ele estima crescer entre 4% e 5% no Natal deste ano, na comparação com 2010. “Mas se empatar está positivo”, diz Oliveira.
JUROS
Se de um lado a concorrência de importados e a crise internacional desanimam as indústrias, a queda na taxa básica (Selic) de juros anunciada pelo governo na semana passada traz novo fôlego para o Natal. “Os juros mais baixos dão mais confiança para o consumidor comprar. Eu estava preocupado com a crise internacional, que traz efeito cascata no consumo”, afirma Michel Aburachid, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest-MG).
Mas os chineses ainda incomodam as confecções. “Quanto mais baixo o dólar, maior a entrada de chineses aqui. E eles estão aperfeiçoando os produtos para concorrer com a gente. Uma estratégia que muitas fábricas nacionais têm adotado é trocar a coleção com mais frequência, de três a quatro vezes ao ano”, afirma. Setores mais personalizados, como de uniformes, sofrem menos com a concorrência de importados.
As bolsas para as classes A e B são mais afetadas pela concorrência de marcas internacionais, avalia Luís Carlos Moreira, diretor da Covenant, fábrica mineira de sapatos e bolsas femininas. A bolsa para a classe A comercializada pela indústria tem valor médio de R$ 1 mil. “Acaba sendo concorrente direta de grandes marcas internacionais”, diz. Já a bolsa para a classe C, vendida a valor médio de R$ 360, concorre com os artigos chineses. “Temos investido mais em produtos artesanais para nos diferenciar. É uma forma de sair um pouco da concorrência e agregar mais valor às mercadorias”, diz Moreira. Para ganhar competitividade no Natal deste ano, a Covenant fechou negociações com grandes clientes. “É uma forma de suprir o desaquecimento do mercado e a queda do dólar”, explica Moreira.