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Estado de Minas

Serviço pela internet desafia os piratas brasileiros

Site que oferece filmes por encomenda a R$ 14,99 mensais pode ser acessado via computador, smart-TVs ou até videogames


postado em 06/09/2011 06:00 / atualizado em 06/09/2011 06:14

São Paulo* - A banda larga do Brasil é das mais caras e lentas do mundo e a pirataria de conteúdo on-line é realidade que as autoridades têm dificuldade até de mensurar. Mesmo assim, o potencial de crescimento no país atraiu os olhos do Netflix, serviço que distribui por internet filmes e séries de TV e tem mais de 25 milhões de assinantes nos EUA e no Canadá.

O Netflix nasceu em 1997 como empresa americana de delivery de DVDs, e chega ao Brasil com oferta de conteúdo local ainda tímida: "Vamos sentir aos poucos como o mercado brasileiro vai receber o serviço para anunciar melhorias com o tempo", disse o cofundador e principal executivo da companhia, Reed Hastings, no lançamento nacional do serviço ontem, em São Paulo.

No Brasil, a assinatura do Netflix vai custar R$ 14,99 mensais - o que dá direito a navegar pelo acervo de filmes e assisti-los, on-line, sem limites. Hastings garante que a tarifa não é promocional. "Mantemos até hoje nos EUA nosso preço de US$ 8", exemplifica. Para usar o serviço, os clientes fazem assinatura no site da empresa.

Computadores e consoles de videogame, como X-Box, Nintendo Wii e Playstation 3, conectados à internet, são capazes de distribuir o conteúdo.

O trunfo da companhia é justamente basear o modelo de negócios em plataformas múltiplas. Em 2010, as ações da Netflix, negociadas na bolsa de valores Nasdaq, cresceram mais de 200%. Por isso mesmo, os executivos se esquivam em dar detalhes sobre investimentos e expectativas de adesão no Brasil. Cheios de cuidados, limitam-se a dizer que, por aqui, o foco é em publicidade (em TV e em internet) e no time local de suporte técnico. O marketing é baseado no mês gratuito que será oferecido para os clientes experimentarem o serviço.

"Também vamos manter o foco nas smart-TVs (aparelhos de TV que têm aplicativos para se conectar sem fios à rede e exibir conteúdo web), que devem ser dois terços dos lançamentos no mercado até o fim do ano", aposta Hastings. As operações no Brasil começam com TVs da Samsung, mas os executivos sinalizam que nos EUA e Canadá há parcerias com aparelhos da Toshiba, Philips, Sony e LG, além da multinacional sul-coreana que abre a fila por aqui. Com as chamadas TVs inteligentes, o conteúdo fica acessível por meio do controle remoto.O funcionamento do serviço promete ser simples: o cliente faz um cadastro no site da Netflix, usando o computador. Com a conta criada - e pagamento via cartão de crédito -, pode acessar o site usando o próprio PC ou ainda a partir de diferentes dispositivos. As versões para iPhone e iPad da aplicação brasileira do Netflix (com suporte a filmes dublados e legendados) devem chegar no próximo mês.

CONCORRÊNCIA A concorrência direta com as videolocadoras e operadoras de TV a cabo é minimizada por Hastings: "São serviços suplementares. A TV a cabo não acabou nos países em que o Netflix opera. E quanto às locadoras, nem todo mundo vai ter banda larga, é mercado que ainda tem espaço". Companhias como a NET e a NetMovies já oferecem no Brasil serviços de vídeo sob demanda para o cliente assistir ao conteúdo quando desejar.

No que diz respeito ao conteúdo, aliás, o Netflix brasileiro deixa ainda muito a desejar. As novelas, mania nacional no quesito entretenimento, limitam-se a títulos antigos da TV Bandeirantes, como Meu pé de laranja lima. Parcerias no mercado latino-americano garantem também a presença do suprassumo da teledramaturgia mexicana. As conversas com outras emissoras brasileiras, como Globo ou SBT, não avançaram a tempo para o lançamento. "Mas a presença da Netflix aqui é também oportunidade para produtores de conteúdo brasileiros entrarem em contato com essa plataforma de distribuição global", desconversa Ted Sarandos, diretor de conteúdo da empresa.

*O repórter viajou a convite da Netflix
 
ENTREVISTA - Ted Sarandos, Diretor de conteúdo da Netflix 
 
"Oferecemos algo melhor que o gratuito"
 
O  diretor de conteúdo da Netflix disse ontem, em São Paulo, que, ao decidir entrar no mercado brasileiro a empresa sabia que teria de lidar com a pirataria. “Entregamos mais conteúdo legal do que eles trafegam conteúdo pirata”, lembrou, referindo-se ao Bit Torrent. O executivo confia na melhora da qualidade da internet no país e diz que tecnologia supera distâncias no mundo dos negócios.
 
Como a cultura de pirataria on-line pode pejudicar os negócios da Netflix no país, especialmente com a janela de pelo menos um ano entre lançamentos nos cinemas e emissoras e a disponibilidade no serviço de vocês?
Sempre tivemos consciência de que a pirataria seria uma parte da equação neste negócio. Sabíamos desde o início que teríamos de oferecer algo melhor do que o gratuito. Algo que tivesse apelo para aquelas pessoas que querem pagar e não o fazem por falta de modelo legal para isso. É claro que sempre haverá quem prefere roubar, tem gente que acha até esportivo tentar conseguir ver as coisas antes etc. Quanto a esses não há muito o que se possa fazer. Já os que usam a pirataria porque não vêm outra forma de conseguir bom conteúdo são o nosso alvo. Medimos que o tráfego do Bit Torrent (programa de compartilhamento de conteúdo, em grande parte ilegal) caiu nos EUA e no Canadá, enquanto o nosso serviço subia. Entregamos mais conteúdo legal do que eles trafegam conteúdo pirata.

A maior parte da banda larga no Brasil é baseada em modems móveis, que entregam velocidades muito baixas e que muita gente nem classificaria como banda larga. A aplicação brasileira do Netflix está preparada para esse cenário adverso?

O sistema reconhece a taxa de velocidade da sua conexão e entrega o vídeo otimizado para a qualidade da sua internet. Então, se a velocidade é baixa, a qualidade da imagem será inferior, para garantir que você possa assistir aos vídeos sem interrupção. Mas sabemos que a banda larga no Brasil não vai parar no tempo e deve haver amplos investimentos em rede e infraestrutura, para termos em poucos anos, aqui, a mesma qualidade de banda larga que temos, por exemplo, nos EUA. Entendemos que é limitada hoje, mas acreditamos que o crescimento será muito rápido.

Há um time local para ampliar as parcerias com as empresas produtoras de conteúdo nacional ou a equipe de São Paulo se restringe ao suporte técnico?
Não, nossa equipe para o Brasil opera dos escritórios em Los Angeles. É algo que se tornou possível graças ao avanço da internet. A distância não é tão grande com Skype, telefone e e-mail. E também passamos muito tempo aqui e estamos sempre indo e vindo, especialmente nesse primeiro ano, com mais intensidade para esses acordos. A razão para não termos equipe local nessa fase é evitar perder os valores da cultura corporativa. Você perde um pouco do sabor local, mas garante acordos de base global.


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