O que você acharia se fosse presenteado com um, ou uma, coffee break pelo seu chefe no meio da tarde? Não, não tente traduzir a expressão ao pé da letra. O mimo não é necessariamente uma pausa para o café. Na verdade, poderia ser uma nova variedade de rosa, na tonalidade marrom, que está sendo produzida em Barbacena, na Região Central de Minas Gerais, a 170 quilômetros de Belo Horizonte. As novas variedades de flores e a produção em estufa têm sido alavancas para a atividade no estado. Aliado a isso, o aumento do número de festas, casamentos e formaturas deve garantir crescimento entre 20% e 30% da produção este ano, em relação a 2010.
O aquecimento do mercado interno e o dólar baixo levaram os produtores de flores a dar um bye, bye às exportações. Apesar de estarem sendo cobiçados por alemães, holandeses e até africanos, eles preferem apostar nas vendas internas. O caminho acontece até de forma inversa. Os produtores de flores do Equador e Colômbia, que estão entre os maiores do mundo, passaram a oferecer suas variedades no mercado nacional. Motivo: a crise na Europa restringiu a clientela daquela região.
A associação, que conta com 30 afiliados, produz 380 espécies, entre flores e folhagens. No ano passado colheu 521,18 mil hastes e vendeu R$ 5 milhões. Para este ano, a expectativa é de que a produção fique entre 670 mil e 680 mil unidades. “Há mais eventos e formaturas. E a economia aquecida ajuda”, afirma Vieira. Apesar do crescimento, os negócios com flores ainda são fracos. São poucos os que compram flores para adornar a casa ou presentear amigos e namorados. Só para ter ideia, o consumo per capita no Brasil é de 5 euros (R$ 12,5) ao ano. O país ocupa a décima posição no ranking mundial. A primeira colocação é da Suíça, onde o consumo per capital é de 136 euros (R$ 340) ao ano. “Temos potencial para crescer”, avalia Vieira.
A produção de flores no estado ainda deixa a desejar, quando comparada com a de São Paulo. Mas a qualidade tem sido aprimorada com investimentos em preparação do terreno, adubação e tamanho do botão de rosa. Até o fim de 2012, a associação vai construir, em parceria com a CeasaMinas, um galpão para armazenar as flores, o Mercaflores, em área de cerca de 10 mil metros quadrados.
Uma ode à rainha
Na região de Barbacena, a rosa ainda é a rainha das flores. Ela representa cerca de 70% da produção e a cada ano ganha novas roupagens. Há produtores que chegam a ter mais de quatro variedades vermelhas. Neste ano, a coffee break (marrom), a cherry brand (laranja envelhecida) e a peach avalanche (creme) são as novidades, além das rosas em tons lilás e amarelo.
“A rosa ainda é a preferida, pois traduz amor, paixão, carinho e energia”, afirma Sheila Magda Brandão, presidente da Associação Barbacenense de Rosas, Mudas, Vasos e Flores de Corte (Abarflor). Os 35 associados produziram 45 milhões de flores em 2010 e este ano a expectativa é de que a colheita aumente em torno de 20%. A partir deste mês, que marca o início da primavera, as vendas chegam a crescer entre 30% e 40%.
Sheila é produtora há 43 anos. Ela faz parte da família proprietária da tradicional lanchonete Roselanche, na entrada da cidade. “No início, a gente plantava e dava flores para cativar a freguesia da lanchonete. Aí o negócio cresceu, passamos a gostar e a produzir mais rosas”, lembra. A sua produção tem cerca de 120 mil pés e cinco estufas. Ela conta que há cinco anos cerca de 50% do plantio era em estufa. Hoje, essa taxa subiu para 90%.
Grande parte da produção de flores de Barbacena é vendida para o Rio de Janeiro (40%), Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Em janeiro e fevereiro, a associação fez uma pequena exportação para Portugal. Sheila ressalta, no entanto, que as vendas para o mercado interno têm ficado mais fortes. “O dólar baixo não tem ajudado as vendas para fora. Além disso, os custos da embalagem, frete, contêiner e transporte são muito altos com a exportação. Recebemos pedidos de outros países, mas ainda há espaço para crescer no mercado interno.”
Estufas x campos
A Rosa Fênix, em Pará de Minas, na Região Central do estado, produz flores há 10 anos. São cerca de 1,2 mil a 1,5 mil dúzias de rosas de sete variedades, por semana. Toda a produção era vendida para o mercado paulista. Há dois anos, no entanto, a empresa passou a fornecer para Minas Gerais, com foco nas cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de Divinópolis e Itaúna.
“São mercados que atendem minha produção atual”, diz Marlon Almeida Campos, dono da Rosa Fênix. Cerca de 20% da produção da Rosa Fênix é feita hoje em estufa. “Há como controlar melhor a qualidade da flor no caso de chuvas de granizo”, diz. Mas a tecnologia tem um preço: custa cerca de 50% a mais do que o cultivo no campo. A produção da Rosa Fênix deve crescer em torno de 40% neste ano, na comparação com 2010.
Em Andradas, no Sul de Minas, o cultivo em estufa tem sido uma alternativa para melhorar a qualidade dos botões e ganhar competitividade no mercado. A Rosas Falcão produz cerca de 5 mil dúzias por semana e todas as flores são vendidas para Holambra (SP), a cidade das flores, que fica a 80 quilômetros de Andradas. A produção em estufa da Rosas Falcão ainda é inexpressiva: cerca de 8%. “Mas em três anos esperamos que tudo esteja em estufa. A flor produzida em estufa tem valor mais alto de mercado. Em alguns casos, até dobra o preço pago por ela”, afirma Helder Almeida Campos, proprietário da Rosas Falcão.
Ele produz a rosa carola (vermelha) no campo e vende a R$ 0,30, por haste. Já a samurai, na mesma tonalidade, é produzida em estufa e comercializada por R$ 0,70 a haste. “Além de melhorar a qualidade, a estufa é melhor para a quantidade”, observa Campos. Mas a produção de qualidade tem um preço. Campos afirma que o custo da estufa (em estruturas metálicas) gira em torno de R$ 200 mil por hectare. Por enquanto, ele pretende manter a venda no mercado interno. “Com o dólar baixo, o Brasil está mais interessante. Mas enfrentamos agora a concorrência do Equador e da Colômbia, que estão colocando as flores aqui”, diz.
O aquecimento do mercado interno e o dólar baixo levaram os produtores de flores a dar um bye, bye às exportações. Apesar de estarem sendo cobiçados por alemães, holandeses e até africanos, eles preferem apostar nas vendas internas. O caminho acontece até de forma inversa. Os produtores de flores do Equador e Colômbia, que estão entre os maiores do mundo, passaram a oferecer suas variedades no mercado nacional. Motivo: a crise na Europa restringiu a clientela daquela região.
Atualmente, a maior parte da produção de flores (cerca de 70%) de Minas fica concentrada em Andradas, a 500 quilômetros de Belo Horizonte, seguida de Barbacena. A produção em estufa, que há três anos representava cerca de 10% do total, hoje
A associação, que conta com 30 afiliados, produz 380 espécies, entre flores e folhagens. No ano passado colheu 521,18 mil hastes e vendeu R$ 5 milhões. Para este ano, a expectativa é de que a produção fique entre 670 mil e 680 mil unidades. “Há mais eventos e formaturas. E a economia aquecida ajuda”, afirma Vieira. Apesar do crescimento, os negócios com flores ainda são fracos. São poucos os que compram flores para adornar a casa ou presentear amigos e namorados. Só para ter ideia, o consumo per capita no Brasil é de 5 euros (R$ 12,5) ao ano. O país ocupa a décima posição no ranking mundial. A primeira colocação é da Suíça, onde o consumo per capital é de 136 euros (R$ 340) ao ano. “Temos potencial para crescer”, avalia Vieira.
A produção de flores no estado ainda deixa a desejar, quando comparada com a de São Paulo. Mas a qualidade tem sido aprimorada com investimentos em preparação do terreno, adubação e tamanho do botão de rosa. Até o fim de 2012, a associação vai construir, em parceria com a CeasaMinas, um galpão para armazenar as flores, o Mercaflores, em área de cerca de 10 mil metros quadrados.
Uma ode à rainha
Na região de Barbacena, a rosa ainda é a rainha das flores. Ela representa cerca de 70% da produção e a cada ano ganha novas roupagens. Há produtores que chegam a ter mais de quatro variedades vermelhas. Neste ano, a coffee break (marrom), a cherry brand (laranja envelhecida) e a peach avalanche (creme) são as novidades, além das rosas em tons lilás e amarelo.
“A rosa ainda é a preferida, pois traduz amor, paixão, carinho e energia”, afirma Sheila Magda Brandão, presidente da Associação Barbacenense de Rosas, Mudas, Vasos e Flores de Corte (Abarflor). Os 35 associados produziram 45 milhões de flores em 2010 e este ano a expectativa é de que a colheita aumente em torno de 20%. A partir deste mês, que marca o início da primavera, as vendas chegam a crescer entre 30% e 40%.
Sheila é produtora há 43 anos. Ela faz parte da família proprietária da tradicional lanchonete Roselanche, na entrada da cidade. “No início, a gente plantava e dava flores para cativar a freguesia da lanchonete. Aí o negócio cresceu, passamos a gostar e a produzir mais rosas”, lembra. A sua produção tem cerca de 120 mil pés e cinco estufas. Ela conta que há cinco anos cerca de 50% do plantio era em estufa. Hoje, essa taxa subiu para 90%.
Grande parte da produção de flores de Barbacena é vendida para o Rio de Janeiro (40%), Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Em janeiro e fevereiro, a associação fez uma pequena exportação para Portugal. Sheila ressalta, no entanto, que as vendas para o mercado interno têm ficado mais fortes. “O dólar baixo não tem ajudado as vendas para fora. Além disso, os custos da embalagem, frete, contêiner e transporte são muito altos com a exportação. Recebemos pedidos de outros países, mas ainda há espaço para crescer no mercado interno.”
Estufas x campos
A Rosa Fênix, em Pará de Minas, na Região Central do estado, produz flores há 10 anos. São cerca de 1,2 mil a 1,5 mil dúzias de rosas de sete variedades, por semana. Toda a produção era vendida para o mercado paulista. Há dois anos, no entanto, a empresa passou a fornecer para Minas Gerais, com foco nas cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de Divinópolis e Itaúna.
“São mercados que atendem minha produção atual”, diz Marlon Almeida Campos, dono da Rosa Fênix. Cerca de 20% da produção da Rosa Fênix é feita hoje em estufa. “Há como controlar melhor a qualidade da flor no caso de chuvas de granizo”, diz. Mas a tecnologia tem um preço: custa cerca de 50% a mais do que o cultivo no campo. A produção da Rosa Fênix deve crescer em torno de 40% neste ano, na comparação com 2010.
Em Andradas, no Sul de Minas, o cultivo em estufa tem sido uma alternativa para melhorar a qualidade dos botões e ganhar competitividade no mercado. A Rosas Falcão produz cerca de 5 mil dúzias por semana e todas as flores são vendidas para Holambra (SP), a cidade das flores, que fica a 80 quilômetros de Andradas. A produção em estufa da Rosas Falcão ainda é inexpressiva: cerca de 8%. “Mas em três anos esperamos que tudo esteja em estufa. A flor produzida em estufa tem valor mais alto de mercado. Em alguns casos, até dobra o preço pago por ela”, afirma Helder Almeida Campos, proprietário da Rosas Falcão.
Ele produz a rosa carola (vermelha) no campo e vende a R$ 0,30, por haste. Já a samurai, na mesma tonalidade, é produzida em estufa e comercializada por R$ 0,70 a haste. “Além de melhorar a qualidade, a estufa é melhor para a quantidade”, observa Campos. Mas a produção de qualidade tem um preço. Campos afirma que o custo da estufa (em estruturas metálicas) gira em torno de R$ 200 mil por hectare. Por enquanto, ele pretende manter a venda no mercado interno. “Com o dólar baixo, o Brasil está mais interessante. Mas enfrentamos agora a concorrência do Equador e da Colômbia, que estão colocando as flores aqui”, diz.