A estrondosa queda na safra de café em Minas Gerais – a colheita despencou de 25 milhões de sacas de 60 quilos, em 2010, para 21,6 milhões em 2011 – puxou para baixo o total de empregos formais em agosto passado no estado, maior produtor nacional do grão no país, com fatia em torno de 50% do total. O alarmante recuo na colheita da commodity levou o setor de agropecuária a fechar 22.660 postos de trabalho no mês passado. Nem mesmo o bom desempenho de outros setores, como o de serviços, que abriu 10,8 mil vagas, e o da indústria da transformação, com 4,4 mil carteiras assinadas, foi capaz de superar a perda causada pelo café. Diante disso, o saldo de empregos em Minas ficou negativo em 801 vagas. Em agosto de 2010, o saldo havia sido extremamente positivo: 29.253 vagas.
Os números fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nessa quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em nível nacional, o saldo em agosto ficou positivo em 190.446 postos. Porém, quando comparado com o balanço de agosto de 2010, época em que 299.415 carteiras de trabalho foram assinadas no país, observa-se expressiva queda, de 36,3%. Novamente, boa parte do resultado se deve à agropecuária. Mas também a outros setores, como a indústria automobilística.
Os balanços em Minas Gerais e no Brasil levaram o ministro do Trabalho e do Emprego, Carlos Lupi (PDT), a rever para baixo, como já havia feito na semana passada, a estimativa da geração de emprego para 2011. Se no início do ano ele esperava cerca de 3 milhões de novas vagas, agora prevê entre 2,7 milhões e 2,9 milhões. Entre janeiro e agosto último foi criado 1,596 milhão de vagas no país. No mesmo período de 2011, 1,954 milhão. Apesar disso, o ministro não avalia que as quedas representam a desaceleração da criação de vagas.
“Tivemos, em agosto, uma média maior que a registrada normalmente no mês, que fica em torno de 185 mil empregos gerados. O número já é melhor que o de julho e minha expectativa é de que setembro será melhor do que agosto, assim como outubro. Teremos muita contratação na indústria de produção de alimentos e no comércio por conta do fim do ano. O crescimento do emprego está acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)”, avaliou.
A economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDl-BH), também acredita que a economia vai bem. “O que sustenta o PIB é o comércio, os serviços e a construção civil. A tendência da economia é mostrada pelos últimos 12 meses”. Nesse caso, o Caged revela que o saldo de empregos no estado está positivo em quase 220 mil vagas (aumento de 5,74%). No acumulado do ano, o percentual é ainda maior (6,02%).
PIB
Em Belo Horizonte, no acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento do emprego ficou em 6,26% (61 mil postos de trabalho). A construção civil, como já era de se esperar, foi a área que mais gerou emprego na capital mineira nos últimos 12 meses: 10,4 mil vagas. O setor foi o grande responsável pelo avanço de 3,4% do PIB mineiro, no segundo semestre de 2011, conforme divulgado na terça-feira pela Fundação João Pinheiro (FJP). A construção civil, com avanço de 8,5%, impediu que o PIB registrasse crescimento ainda menor, uma vez que o indicador desacelerou na comparação com o primeiro semestre do ano, quando marcou 5,4%.
O bom desempenho da construção civil favoreceu o marceneiro Mateus Bonfim Dias, de 27 anos, recém-contratado pelo restaurante Xico da Carne. “O mercado nessa área está muito bom. Recusei duas ofertas de emprego para vir para cá.” O restaurante em que trabalha, no Barro Preto, passa por reforma de ampliação para aumentar a clientela em 50%. “O número de funcionários, até a reinauguração, em 6 de outubro, terá passado de 21 pessoas para 50”, conta Rodrigo Nascimento, diretor do empreendimento.
Um dos novos empregos foi conquistado por Luiz Barbosa, de 33, que passou a gerenciar o restaurante em agosto: “O setor (comércio) em Belo Horizonte está aquecido”. Em BH, o comércio abriu quase 9,2 mil vagas nos últimos 12 meses. No estado, o setor empregou 2.791 pessoas em agosto passado.
Pequenas têm 90% das vagas, diz analista
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não detalhou a geração de vagas abertas no mercado formal por porte de empresas, mas todos os especialistas consultados pela reportagem afirmaram que os micro e pequenos empreendimentos são os que mais abrem postos no país. Nos cálculos do economista Augusto Mansur, analista de Atendimento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Minas Gerais (Sebrae Minas), tal número corresponde a cerca de 90%. “De cada 100 empresas, 90% são micro e pequenas. E elas respondem por perto de 90% do emprego formal. O botequim da esquina, por exemplo, tem dois, três funcionários. As pequenas empresas são muitas e, quando se faz o levantamento, observa-se que a geração de empregos se deve às pequenas e médias”, explicou o especialista.
A força das empresas de pequeno porte é tamanha que a Câmara dos Deputados aprovou, no fim de agosto, projeto de lei para aumentar o teto do faturamento das microempresas, de R$ 240 mil anuais para R$ 360 mil para, e das pequenas empresas, de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. O texto já se encontra em tramitação no Senado, devendo entrar em vigor no próximo ano.
Em julho passado, quando foram abertas 140,5 mil vagas em todo o país, as microempresas foram responsáveis, segundo levantamento do Sebrae, por 107,9 mil novos postos de trabalho. Apesar de as turbulências externas, como crises na Europa e a estagnação nos Estados Unidos, terem afetado parte da economia nacional, Mansur avalia que a desaceleração econômica não impede as pessoas de abrirem o próprio negócio.
“O Brasil vai sentir (as crises) bem menos do que outros países, em função de termos um mercado interno forte”, justificou. Um dos termômetros de que os mineiros vêm abrindo o próprio negócio é a estatística de empreendedor individual, levantada pelo Sebrae. Na comparação entre o primeiro semestre de 2011 e igual período de 2010, o total de novos empreendedores individuais no estado subiu 41,5%, de 26.615 empreendedores para 37.677.
Os números fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nessa quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em nível nacional, o saldo em agosto ficou positivo em 190.446 postos. Porém, quando comparado com o balanço de agosto de 2010, época em que 299.415 carteiras de trabalho foram assinadas no país, observa-se expressiva queda, de 36,3%. Novamente, boa parte do resultado se deve à agropecuária. Mas também a outros setores, como a indústria automobilística.
Os balanços em Minas Gerais e no Brasil levaram o ministro do Trabalho e do Emprego, Carlos Lupi (PDT), a rever para baixo, como já havia feito na semana passada, a estimativa da geração de emprego para 2011. Se no início do ano ele esperava cerca de 3 milhões de novas vagas, agora prevê entre 2,7 milhões e 2,9 milhões. Entre janeiro e agosto último foi criado 1,596 milhão de vagas no país. No mesmo período de 2011, 1,954 milhão. Apesar disso, o ministro não avalia que as quedas representam a desaceleração da criação de vagas.
“Tivemos, em agosto, uma média maior que a registrada normalmente no mês, que fica em torno de 185 mil empregos gerados. O número já é melhor que o de julho e minha expectativa é de que setembro será melhor do que agosto, assim como outubro. Teremos muita contratação na indústria de produção de alimentos e no comércio por conta do fim do ano. O crescimento do emprego está acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)”, avaliou.
A economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDl-BH), também acredita que a economia vai bem. “O que sustenta o PIB é o comércio, os serviços e a construção civil. A tendência da economia é mostrada pelos últimos 12 meses”. Nesse caso, o Caged revela que o saldo de empregos no estado está positivo em quase 220 mil vagas (aumento de 5,74%). No acumulado do ano, o percentual é ainda maior (6,02%).
PIB
Em Belo Horizonte, no acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento do emprego ficou em 6,26% (61 mil postos de trabalho). A construção civil, como já era de se esperar, foi a área que mais gerou emprego na capital mineira nos últimos 12 meses: 10,4 mil vagas. O setor foi o grande responsável pelo avanço de 3,4% do PIB mineiro, no segundo semestre de 2011, conforme divulgado na terça-feira pela Fundação João Pinheiro (FJP). A construção civil, com avanço de 8,5%, impediu que o PIB registrasse crescimento ainda menor, uma vez que o indicador desacelerou na comparação com o primeiro semestre do ano, quando marcou 5,4%.
O bom desempenho da construção civil favoreceu o marceneiro Mateus Bonfim Dias, de 27 anos, recém-contratado pelo restaurante Xico da Carne. “O mercado nessa área está muito bom. Recusei duas ofertas de emprego para vir para cá.” O restaurante em que trabalha, no Barro Preto, passa por reforma de ampliação para aumentar a clientela em 50%. “O número de funcionários, até a reinauguração, em 6 de outubro, terá passado de 21 pessoas para 50”, conta Rodrigo Nascimento, diretor do empreendimento.
Um dos novos empregos foi conquistado por Luiz Barbosa, de 33, que passou a gerenciar o restaurante em agosto: “O setor (comércio) em Belo Horizonte está aquecido”. Em BH, o comércio abriu quase 9,2 mil vagas nos últimos 12 meses. No estado, o setor empregou 2.791 pessoas em agosto passado.
Pequenas têm 90% das vagas, diz analista
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não detalhou a geração de vagas abertas no mercado formal por porte de empresas, mas todos os especialistas consultados pela reportagem afirmaram que os micro e pequenos empreendimentos são os que mais abrem postos no país. Nos cálculos do economista Augusto Mansur, analista de Atendimento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Minas Gerais (Sebrae Minas), tal número corresponde a cerca de 90%. “De cada 100 empresas, 90% são micro e pequenas. E elas respondem por perto de 90% do emprego formal. O botequim da esquina, por exemplo, tem dois, três funcionários. As pequenas empresas são muitas e, quando se faz o levantamento, observa-se que a geração de empregos se deve às pequenas e médias”, explicou o especialista.
A força das empresas de pequeno porte é tamanha que a Câmara dos Deputados aprovou, no fim de agosto, projeto de lei para aumentar o teto do faturamento das microempresas, de R$ 240 mil anuais para R$ 360 mil para, e das pequenas empresas, de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. O texto já se encontra em tramitação no Senado, devendo entrar em vigor no próximo ano.
Em julho passado, quando foram abertas 140,5 mil vagas em todo o país, as microempresas foram responsáveis, segundo levantamento do Sebrae, por 107,9 mil novos postos de trabalho. Apesar de as turbulências externas, como crises na Europa e a estagnação nos Estados Unidos, terem afetado parte da economia nacional, Mansur avalia que a desaceleração econômica não impede as pessoas de abrirem o próprio negócio.
“O Brasil vai sentir (as crises) bem menos do que outros países, em função de termos um mercado interno forte”, justificou. Um dos termômetros de que os mineiros vêm abrindo o próprio negócio é a estatística de empreendedor individual, levantada pelo Sebrae. Na comparação entre o primeiro semestre de 2011 e igual período de 2010, o total de novos empreendedores individuais no estado subiu 41,5%, de 26.615 empreendedores para 37.677.