No fim do terceiro dia de paralisação dos Correios, mais de seis milhões de mercadorias em Minas Gerais estão paradas por conta da greve, segundo estimativas do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos do Estado de Minas Gerais (Sintect-MG). Em todo o Brasil, os Correios calculam que 40% das entregas ficaram comprometidas. Segundo o último balanço, 28 milhões dos 70 milhões de encomendas recebidas em dois dias de greve serão entregues com algum atraso.
Entretanto, os números dos sindicatos dos trabalhadores são diferentes. A diretora do Sintect-MG, Irani Fernandes Leandro, calcula que 32% dos 3 mil trabalhadores na Grande BH estão parados. “É generalizado, mas concentra-se principalmente no complexo operacional onde são triadas as correspondências e distribuídas para dentro do estado e todo o país”, afirma. A expectativa é de que a participação dos trabalhadores cresça a partir da próxima semana com a mobilização em cidades do interior.
A proposta salarial apresentada pelo governo federal inclui reajuste de 6,87% para repor a inflação, um ganho real de R$ 50 reais e abono salarial de R$ 800. A categoria reivindica aumento salarial de R$ 400, reposição da inflação de 7,16%, pagamento de perdas salariais referentes aos anos 1994 e 2002, totalizando 24,76%, entre outros pedidos.
Além da pauta de reajuste salarial, os trabalhadores continuam a levantar a bandeira contra a sanção da Medida Provisória 532, que autoriza os Correios a constituir subsidiárias ou adquirir o controle ou participação acionária em sociedades empresariais. Durante a visita da presidente Dilma Rousseff a Belo Horizonte para comemoração dos 1 mil dias da Copa do Mundo de 2014, os grevistas organizaram manifestações. “Somos contra a privatização”, diz Irani.
Contas pagar
Empresas que enviam as cobranças por correspondência postal não são obrigadas a descontar juros e multas por atraso no pagamento das faturas. Esse é o alerta que instituições que trabalham com a defesa do consumidor dão a respeito da greve nos Correios. Mesmo assim, a paralisação não isenta as empresas de responsabilidades com os consumidores.
As entidades de defesa do consumidor afirmam que é obrigação das empresas oferecerem outra forma de pagamento que seja viável ao consumidor (internet, fax, sede da empresa, depósito bancário entre outras), devendo, ainda, divulgar amplamente as alternativas disponíveis.
Os órgãos recomendam aos consumidores que sabem a data de vencimento de suas contas a entrarem em contato com a empresa, para solicitar outra opção para efetuar o pagamento, antes do vencimento, a fim de evitar a cobrança de eventuais encargos e cancelamentos.