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Estado de Minas

Alta do dólar ainda é ameaça ao preços dos alimentos e à meta da inflação, diz FGV


postado em 23/09/2011 15:40 / atualizado em 23/09/2011 16:33

Mesmo com a pequena reversão do valor do dólar registrada no início do dia, quando a moeda norte-americana atingiu o valor de R$ 1,87, apresentando queda de 1,45% em relação ao valor da véspera, sua cotação ainda é uma ameaça aos preços dos alimentos e, consequentemente, à possibilidade de cumprimento da meta da inflação deste ano, disse nesta sexta-feira o economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), André Braz.

“A taxa de câmbio subiu rapidamente nos últimos dias. Em relação a julho, já acumula alta perto de 20%. Esse aumento pode ter um efeito na inflação. Para este ano, a expectativa do mercado já girava um pouco acima do teto da meta. Se o câmbio permanecer no patamar de R$ 1,80 a R$ 1,90, de fato, piora um pouco a expectativa de inflação para este ano e facilita o não cumprimento do teto da meta em 2011. O que era uma ameaça, agora fica mais difícil com o câmbio nesse patamar”, avaliou Braz.

A meta da inflação, estabelecida pelo governo, é 4,5%, podendo alcançar dois pontos percentuais a mais. Segundo o economista, as commodities internacionais, como trigo e soja, são os itens que ameaçam a curva de queda de preços que os alimentos vêm trilhando nas últimas semanas e gerando um impacto significativo nos índices de inflação.

No caso do trigo, por exemplo, o mercado brasileiro, que não tem autossuficiência do produto, já vivia a ameaça de uma alta por quebra da safra americana, que encareceria o produto no mercado internacional. A alta do dólar pode comprometer ainda mais o valor do produto e, consequentemente, de derivados, como itens consumidos diariamente pelos brasileiros, entre eles o pão francês, o macarrão, a farinha de trigo, o biscoito e o bolo. No caso da soja, o aumento de preços pode atingir derivados como a margarina e o óleo.

De acordo com Braz, o consumidor pode começar a sentir os efeitos dessa pressão nos preços ainda no final de outubro. “A gente assistiu aumentos [do preço] do arroz, do açúcar, da carne, por efeitos que não tinham relação com o câmbio. No futuro, a gente pode ter uma nova onda de aumentos conduzida por commodities que têm influencia cambial. Alguns produtos vão ficar com influência menor e outros com influência maior e, aí, vai ficar claro o efeito do câmbio sobre a inflação”, estimou.


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