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Estado de Minas

Emergentes encontram formas mais rápidas de desfrutar de luxos

Eles agora compartilham os prazeres que o dinheiro traz: aluguel, consórcio e sociedade


postado em 25/09/2011 07:26

Eles têm muito dinheiro e estão no caminho de uma fortuna. Até lá, ensaiam os prazeres que uma conta bancária de ao menos sete dígitos pode oferecer. Já é possível encontrar consórcio para quem quer comprar helicópteros e jatinhos chamados de “tipo B”, alugar lanchas e iates, compartilhar Ferraris e mansões na praia. A elite brasileira, que cresce ao passo de 10% ao ano desde 2002, superou a marca de 1 milhão de brasileiros e 56% desse total são chamados de “novos-ricos”, segundo o instituto de pesquisa Data Popular.

“Quase metade da elite financeira do Brasil pertence à primeira geração de endinheirados da família”, afirma Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto. Ele considera elite quem tem renda familiar maior do que R$ 20 mil. São 307 mil famílias brasileiras, que em 2011, de acordo com cálculo do Data Popular, gastarão ao menos R$ 71,3 bilhões.

Tudo bem que a classe C é a bola da vez, já que reúne 104 milhões de brasileiros, com previsão de gasto de R$ 923,5 bilhões, 13 vezes mais que a classe A, destaca Meirelles. Contudo, acostumado com a desigualdade, o Brasil também ganhou milionários. E a elite, claro, não deixa de ser foco de empresas, que rebolam para conquistar esses novos-ricos.

Nesse cenário, ganha força a propriedade compartilhada, quando o mesmo bem pode ser comprado em frações por alguns proprietários e usado por cada um deles em diferentes horas ou datas. É um novo jeito de ter avião, helicóptero, embarcações e automóveis de luxo. “A compra compartilhada é a forma mais rápida de ter produtos de alto luxo. Está no centro das atenções porque a classe C de hoje é a classe A de amanhã”, disse o especialista do Data Popular.

“Com as taxas de crescimento que o Brasil experimenta, mais pessoas e empresas passam a ter recursos para usufruir desses bens. Aviões e helicópteros tornam-se eficazes instrumentos de aumento de produtividade das empresas, e não apenas um luxo pessoal”, diz Walterson Caravajal Júnior, diretor-presidente do Prime Fraction Clube, criado há três anos no Brasil.

Segundo ele, “2012 será o ano de Minas Gerais” nos planos da empresa. Com base operacional em São Paulo e Rio de Janeiro, prevê crescimento financeiro anual superior a 100% nos próximos anos, com bom retorno no estado. “A demanda registrada no mercado mineiro aponta claramente para Belo Horizonte, tanto no que concerne a aviões e helicópteros quanto a embarcações no litoral fluminense”, afirma. A fração de um helicóptero pode ser comprada por cerca de R$ 220 mil, mais a mensalidade de R$ 14 mil. A do jato custa R$ 1,5 milhão e o preço da mensalidade é bem variável. Por R$ 500 mil cada uma, quatro pessoas podem ter uma Ferrari, um Maserati ou um Camaro, algumas horas por semana.

OSTENTAÇÃO

Quatro suítes, hidromassagem com vista para o mar, sala de estar com home theater e sofá kingsize, cozinha completa. Não, não é um apartamento de luxo. A diária para alugar esse iate e fazer um passeio pelo Guarujá, Ilhabela, Angra dos Reis e Paraty, no litoral de São Paulo e Rio de Janeiro, sai por R$ 9.900 e o pacote é de no mínimo cinco dias. Detalhe: o combustível não está incluído, mas o total pode ser dividido em cinco vezes, no cartão de crédito. Fábio Bueno, engenheiro paulista que resolveu viver próximo ao mar, criou o site sualanchapor1dia.com.br e aluga embarcações a partir de R$ 1 mil. “Aluga-se uma lancha pelo mesmo motivo que se aluga uma limousine: a comodidade. A classe C está emergindo e quer alugar para conhecer coisas interessantes, enquanto o topo da classe A quer comprar”, disse.

Jatinho no sorteio ou no lance

Ter um jatinho particular é coisa de rico? Com certeza. É para poucos? Não mais. Consórcio pode popularizar a compra de aviões executivos e helicópteros no país. “A ideia é atrair empresários emergentes, gente que nunca teve um jato ou um helicóptero. O mercado de luxo, voltado para o público AAA, aumenta seu potencial de consumo na mesma velocidade que o Brasil ganha status”, afirma Sidney Marlon de Paula, presidente do Consórcio Unilance. Desde a criação do primeiro grupo, no final do ano passado, os mineiros são responsáveis por cerca de 25% das reservas de cotas, sendo as demais divididas entre São Paulo, Rio de Janeiro e o Nordeste.

Entre eles está Denis Madureira, empresário de Alfenas (Sul de Minas) do setor de educação a distância, que tem cota de um avião Cirrus e de um helicóptero Robinson. A principal vantagem para ele é economizar gasto com passagem aérea e tempo. No caso dele, o financiamento do helicóptero, a uma taxa de juros de 1,3%, em 60 meses, resulta em parcela de R$ 28 mil. Dessa forma, o custo final sai por R$ 1,8 milhão. Já no consórcio consegue carta de crédito de R$ 1,2 milhão, pagando R$ 11 mil por mês.

O consórcio de aeronaves funciona como os consórcios tradicionais de carros ou imóveis, já conhecidos entre os brasileiros. Forma-se um grupo com um objetivo em comum – comprar uma aeronave – e com pagamento da parcela mensal dos participantes são entregues os bens, por contemplações po sorteio ou lance. “Trabalhamos com cartas de créditos, em média, de R$ 600 mil a R$ 1,5 milhão. As parcelas para cotas de 120 meses iniciam em R$ 5.674”, explica Marlon de Paula.

VERANEIO Ter uma casa na praia é o sonho de muitos. Em Miami Beach, maior ainda. E os brasileiros ricos estão experimentando, primeiro, alugar. “É fácil entrar em um avião às 10 da noite, num dia de inverno, e chegar às 7h da manhã, num dia de verão”, diz Gabriela Haddad, presidente do Halmoral Group, que presta consultoria para compra de imóveis no exterior. Segundo ela, o aluguel de um apartamento de 180 metros quadrados de frente para o mar em Miami custa cerca de US$ 4 mil.


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