A Prosper Corretora mantém a previsão de inflação para este ano, de 6,64%, resultado de uma média mensal de 0,52%, mas espera, ao mesmo tempo, que o Banco Central mantenha a trajetória de redução da Selic, promovendo mais três cortes de 0,5 ponto porcentual. Em relatório distribuído ontem a clientes, o economista-chefe da corretora, Eduardo Velho, explica o motivo desta aparente contradição - inflação para cima e juros para baixo. "O discurso reforçado do Ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central no exterior em relação ao cumprimento da meta central de 4,5% em 2012 aumenta as chances do prolongamento da redução dos juros em patamar acima do esperado atualmente pela Focus, que estava em 10,75% para o final de 2012."
A avaliação de Velho é a de que a pesquisa Focus está um pouco mais conservadora comparativamente à estimativa da Prosper Corretora, com o recuo da Selic para 10,5% até o primeiro trimestre de 2012, mas sendo elevada para 10,75% no segundo semestre, "no pressuposto implícito pelo mercado que a convergência inflacionária estará seriamente ameaçada". "Em suma no curto prazo, a despeito da inflação elevada, o BC seguirá o seu cenário - reduzindo juros - colado com a economia internacional", diz o economista.
Fica claro, de acordo com Velho, que a "tese desinflacionária" do BC é reforçada com a revisão para baixo das projeções de crescimento real do PIB, que passaram de 3,52% para 3,51% em 2011, mas com estabilidade em 3,7% para 2012, num movimento que foi similar para a variável da produção industrial. Os indicadores de atividade de setembro, prevê o economista, deverão confirmar uma desaceleração mais pronunciada do PIB no terceiro trimestre comparativamente ao segundo na série dessazonalizada, mas sem alterar a percepção do mercado de que a meta não será atingida em 2012.