Depois de puxarem o consumo nos últimos meses, os consumidores das classes C, D e E estão mais cautelosos, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O endividamento das famílias registrou em setembro a quarta queda consecutiva, puxada pelo grupo com renda inferior a dez salários mínimos. Nessa faixa de consumidores, 62,7% declararam possuir dívidas no mês de setembro, ante 64,2% que estavam endividados em agosto.
"Você vê uma trajetória de queda no endividamento. Além de estarem mais cautelosos em relação ao futuro e, por isso, terem mais receio na contratação de novas dívidas, há desaceleração nas concessões de crédito. O mercado de crédito vem apresentando uma evolução mais modesta em relação ao ano passado, embora ainda bastante forte, em resposta ao aumento do custo do financiamento", disse a economista Marianne Hanson, da CNC. Ela acrescentou que o patamar de endividamento atingiu um nível alto e, em razão disso, as pessoas também estariam pensando duas vezes antes de contratar novos empréstimos.
Porém, enquanto o endividamento diminui nas classes mais baixas, a contratação de dívidas aumentou no grupo de famílias com renda superior a dez salários mínimos. O porcentual de famílias
O mesmo fenômeno ocorreu com a inadimplência, que diminuiu entre as famílias de mais baixa renda e aumentou no grupo de renda maior. Na faixa de menor renda, o porcentual de inadimplentes alcançou 25,4% em setembro de 2011, ante 26,1% em agosto. O número também é menor do que o registrado em setembro do ano passado, quando ficou em 26,5%. No entanto, na faixa de maior renda a inadimplência alcançou 17,3% em setembro, um aumento considerável tanto em relação ao patamar de agosto (14,5%) quanto ao de setembro de 2010 (13,8%). Os aumentos tanto no endividamento quanto na inadimplência das classes A e B estão relacionados à tomada de crédito para a compra de veículos, na avaliação da CNC.
"Se você for analisar o perfil do endividamento, enquanto no grupo de renda com até dez salários mínimos apenas 7,4% apresentam financiamento de carro como uma das principais dívidas, no grupo com renda superior a dez salários mínimos esse patamar sobe para 21,7% e é o segundo maior tipo de dívida apontado", ressaltou Marianne. "Então, esse maior patamar de endividamento deve estar relacionado a esse crédito para aquisição de veículos".
Ainda entre as classes A e B, aumentou o porcentual de famílias que declararam não ter condições de pagar seus débitos, de 3,8% em agosto para 4,2% em setembro. Já no grupo de famílias de menor renda, houve queda na percepção de não pagamento de dívidas, de 8,9% para 8,6%.