O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, estimou nesta terça-feira que a volatilidade do câmbio continuará enquanto os problemas dos países da Europa não forem resolvidos. Ele acrescentou que o BC está pronto para garantir o funcionamento do mercado de câmbio no Brasil com liquidez.
"A volatilidade depende do movimento internacional do dólar. Houve um aumento do dólar contra todas as moedas. Não foi diferente em relação ao real. A diferença do Brasil é que temos capacidade de atuar e fazer com o que o mercado funcione de forma adequada para enfrentar a volatilidade natural nesse período", avaliou, durante audiência no Senado.
"Enquanto as questões maiores do cenário internacional, como a crise soberana da Europa, não forem resolvidas de forma mais definitiva, podemos esperar à frente volatilidade das moedas e dos mercados", disse. Para Tombini, esse é um movimento internacional e não só no Brasil. "O BC está pronto para fazer com que os vários segmentos do mercado de câmbio funcionem de forma adequada e com liquidez", afirmou.
Questionado sobre declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo não adotará mais medidas para enfrentar a crise, Tombini respondeu: "Nós estamos de acordo, obviamente. O Banco Central têm dito que, em relação ao mercado de câmbio, irá atuar sempre que encontrar uma disfuncionalidade. Temos instrumento e nos preparamos para isso. E é assim que atuaremos nesse momento de maior turbulência no mercado internacional".
Tombini falou ainda que a instituição poderá voltar a oferecer financiamento ao exportador se houver falta de oferta desse crédito no mercado. Na crise de 2008 e 2009, o BC agiu nesse segmento. "Na semana passada, atuamos no mercado futuro e estamos prontos para fazer com que os mercados funcionem de maneira adequada. Se identificarmos falta de liquidez, vamos agir. Se falta linha de financiamento de comércio exterior, por exemplo, temos condição de dar liquidez a esse mercado", disse.
Câmbio flutuante
Respondendo às perguntas dos senadores, o presidente do BC reafirmou que o regime de câmbio no Brasil é e continuará a ser flutuante. "Seria uma loucura mexer com o nosso regime que funciona bem e colocar uma banda de câmbio", respondeu, rechaçando a hipótese de que a instituição opera no mercado de câmbio para, por exemplo, estabelecer uma banda de variação da moeda. "Não há questão de banda."
Tombini explicou que o BC decide atuar no mercado de câmbio para manter condições adequadas nos negócios. "Olhamos a velocidade, a funcionalidade, peculiaridades do mercado. Se não existe provedor de recurso, se não há liquidez, atuamos porque estamos preparados para restabelecer o nível de funcionalidade", disse.