O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reiterou nesta quinta-feira que, caso seja necessário, a autoridade monetária fará novas intervenções no mercado de câmbio para preservar o seu desempenho em níveis normais. "Já comunicamos que o BC entrará nos mercados, quando necessário, para assegurar sua boa funcionalidade", disse ele, na abertura do 22º Congresso Nacional de Executivos de Finanças, em Curitiba.
Tombini destacou que as reservas internacionais subiram US$ 147 bilhões desde agosto de 2008, quando o País tinha US$ 205 bilhões, para US$ 352 bilhões, registrados em setembro de 2011. Contudo, esta poupança externa estava em US$ 350,5 bilhões no dia 27 deste mês.
O presidente do BC destacou que as contas externas da economia brasileira apresentam uma condição robusta, pois cerca de 60% dos recursos que ingressam no País estão na categoria de investimentos de longo prazo, entre os quais destacam-se os realizados por empresas para a construção ou ampliação de unidades fabris. "Temos boa disposição de investimentos diretos, que são mais estáveis quando ocorrem reversões", comentou, referindo-se a crises internacionais.
Fluxo
Alexandre Tombini falou que o grande ingresso de fluxos de capitais ao País, ocorrido sobretudo de janeiro a julho deste ano, levou o governo a tomar medidas para evitar que o excesso de entrada provocasse pressões inflacionárias. "O Brasil é aberto ao capital estrangeiro, que é bem-vindo. Mas isso traz desafios".
Tombini ressaltou que ações adotadas pelo BC, como a redução do limite livre de compulsório nas posições vendidas de dólares de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão, fizeram com que o total da posição vendida baixasse do patamar de US$ 17 bilhões para uma marca bem menor. "A posição vendida em dólar ficou em linha com a capacidade do mercado", destacou ele. No Senado, ele informou anteontem que o volume daquelas posições estava entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões.
Hoje, Tombini citou que se tal montante de recursos chegasse a um patamar de US$ 30 bilhões, caso ocorresse uma reversão súbita de tais aplicações de investidores, o que seria "uma porta, passaria a ser uma escotilha" e isso geraria problemas. Na semana passada, o câmbio chegou a bater em R$ 1,95, o que levou o BC a vender contratos de swap cambial equivalentes ao montante de US$ 2,7 bilhões.