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Estado de Minas

Mês de crash nas bolsas, outubro deve ser volátil


postado em 01/10/2011 08:21 / atualizado em 01/10/2011 09:29

Setembro está fechando o pior trimestre do ano até agora para a Bovespa, mas há poucas razões para otimismo quanto ao desempenho das ações em outubro, cujo calendário de eventos previstos no Brasil e no mundo dará mais combustível para instabilidade: não somente porque a crise das dívidas soberanas na zona do euro está longe de ser definitivamente resolvida, mas também porque a perspectiva para o crescimento da economia mundial poderá se tornar ainda mais sombria. Some-se a isso o fato de que outubro é o mês em que aconteceram algumas das piores quedas na história do mercado acionário.

"O futuro no curto prazo ficou nebuloso: o desempenho do mercado vai depender do desfecho para a crise da Grécia, de se o inevitável calote grego será adiado mais ainda, do que o Banco Central Europeu (BCE) fará na sua reunião de outubro e da temporada de balanços das empresas no terceiro trimestre", disse à Agência Estado Peter Boockvar, estrategista acionário da corretora Millet Tabak & Co. em Nova York. "Estou mais preocupado com os riscos de baixa adicional do mercado acionário em outubro."

Os piores "crashes", ou quebras, da Bolsa de Valores americana disseminaram no imaginário dos investidores a ideia de que outubro é a ovelha negra do calendário para o mercado acionário. O primeiro grande baque aconteceu em 29 de outubro de 1929, quando a bolsa americana despencou 12,9%. Em 19 de outubro de 1987, o tombo foi de 22,6%. E não esqueçamos o chamado "pânico de 2008", quando, na semana de 2 a 9 de outubro, o índice S&P 500 perdeu 22% do seu valor. Mas a história do mercado acionário mostra que outubro não é um mês ruim para os investidores.

Um levantamento feito por Kevin Pleines, analista da consultoria americana Birinyi Associates, em Connecticut, mostra que o desempenho do índice S&P 500 no meses de outubro é positivo em 0 7% em média desde 1962. O S&P fechou em alta 61% dos meses de outubro desde 1962. E o quarto trimestre que está para se iniciar é, historicamente, o melhor em termos de desempenho do S&P 500, com um alta média de 3,5% no período.

"Em outubro, o mercado acionário estará muito mais sensível às manchetes e notícias sobre a Grécia, a zona do euro, os dados da economia americana mais do que os fundamentos de longo prazo", disse Pleines à Agência Estado. Para ele, é importante levar em conta o desempenho histórico das ações, mas em nenhum momento existe o fator sazonalidade, ou seja, um mês tipicamente ruim na história da bolsa, para influenciar o desempenho do mercado. "Se acontecer um mês de outubro ruim será pura coincidência", disse.


Entre os eventos que poderão afetar os preços das ações em outubro estão a finalização das votações nos parlamentos europeus, a exemplo do que já aconteceu na Alemanha, para ratificar uma extensão do fundo europeu de estabilização financeira, ou EFSF na sigla em inglês. O novo fundo terá de ser ratificado até meados de outubro, o que poderá desanuviar as preocupações em relação a um possível calote desordenado da dívida grega.

Também em outubro alguns bancos centrais importantes terão suas reuniões para decidir sobre as respectivas taxas de juros, em particular o BCE, que poderá cortar os juros na sua reunião de 6 de outubro, segundo a expectativa de analistas. O Banco Central brasileiro também se reunirá nos dias 18 e 19 de outubro e o consenso no mercado é para novo corte da taxa Selic.

Os indicadores econômicos americanos permanecerão no radar dos investidores em bolsa de valores, uma vez que a economia dos Estados Unidos continua sensível aos números do desemprego, do mercado imobiliário, da confiança dos consumidores e também ao imbróglio político envolvendo o presidente Barack Obama e os republicanos no Congresso.

Na opinião da estrategista de ações para mercados emergentes do banco UBS em Nova York, Jennifer Delaney, a palavra-chave para o desempenho da Bovespa em outubro será volatilidade. "A Bovespa será muito volátil e negociando numa faixa estreita de limite de preços até termos notícias positivas vindas da Europa", afirmou Delaney à Agência Estado. Segundo ela, os acontecimentos na Europa são os que mais influenciam o sentimento dos investidores globais neste momento. Enquanto o fantasma do calote e do aprofundamento da crise da euro rondar os mercados financeiros globais, a Bovespa e as bolsas mundiais não terão um outubro fácil pela frente.


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