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Estado de Minas

Intervenção do BC não segura dólar

Operação do Banco Central, que colocou à venda mais de US$ 5,3 bi, não deu certo: moeda americana avançou 0,56%


postado em 04/10/2011 06:00 / atualizado em 04/10/2011 06:28

O Banco Central (BC) fez ontem uma pesada intervenção para segurar a alta da moeda americana: colocou à venda US$ 5,348 bilhões. Em 12 dias, esta foi a segunda vez que a autoridade monetária foi obrigada a isso, um movimento que não era visto desde o auge da crise de 2008. A preocupação é tanta que o BC já anunciou para hoje novo leilão de swap cambial (operação na qual a instituição vende moeda no mercado futuro). Segundo comunicado do BC, serão mais US$ 4,5 bilhões. O objetivo do aviso é controlar as expectativas e evitar uma disparada da divisa já no início do pregão.

Mesmo com a megaoperação de ontem, o BC, a exemplo da primeira vez que tentou frear o dólar, falhou – de todo o valor ofertado, o mercado comprou apenas US$ 1,6 bilhão e a moeda disparou 0,56% na venda, fechando o dia cotada a R$ 1,892. Segundo especialistas, porém, se a intervenção não tivesse sido realizada, o dólar poderia ter subido quase 2%. Por volta das 15h30, antes de a instituição intervir no mercado, a moeda beirou os R$ 1,92, quando havia marcado elevação de 1,60%. "O movimento de alta foi generalizado. As coisas pioraram muito lá fora e o sentimento de aversão ao risco era grande, assim todo mundo correu para o dólar, visto como investimento mais seguro", explicou Alfredo Barbutti, economista da corretora BGC Liquidez.

Além do real, outras moedas perderam força perante o dólar. O euro se desvalorizou 1,06%; o dólar australiano, 1,40%; o rand, da África do Sul, 2,04%; e a moeda japonesa, o iene, cedeu 0,45%. A escalada do dólar frente a praticamente todas as moedas do mundo, segundo especialistas, se deve ao anúncio da Grécia, no domingo, de que o país não irá cumprir a meta de redução do seu déficit público neste e em 2012. Na avaliação de Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, a volatilidade vai dominar o mercado neste fim de ano. Segundo ele, a culpa é da crise europeia. "Sem um sinal positivo da Europa, cresce ainda mais a busca por proteção", ponderou.

O mercado também alterou suas projeções para o fim do ano. De acordo com o boletim Focus, do BC, a média das projeções dos 100 principais analistas do país é de que a moeda encerre 2011 em R$ 1,73, bem acima do estimado na semana anterior, que era de R$ 1,68.

Turismo em BH

Diante da alta do dólar comercial, já é possível encontrar cotação para a moeda americana próxima à casa dos R$ 2 em Belo Horizonte. Na maioria das agências de viagens da capital, o dólar turismo ronda a barreira de R$ 2. "Esse dólar é mais alto porque é remetido para fora do Brasil para pagamento de hotelaria e outros serviços. Por isso, sobre ele incidem taxas como o IOF e outras aplicadas sobre remessas ao exterior", explica Regina Casale, diretora-administrativa da Associação Brasileira de Agências de Viagem de Minas Gerais (Abav-MG). (Colaborou Paula Takahashi)


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