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Estado de Minas

Crise na Grécia atinge a Itália

Rebaixamento da nota da dívida da Itália e banco Dexia à beira da falência intensificam crise na Zona do Euro


postado em 05/10/2011 06:00 / atualizado em 05/10/2011 07:33

(foto: AFP PHOTO / MICHEL GANGN)
(foto: AFP PHOTO / MICHEL GANGN)
A intensificação da crise na Grécia e as possíveis consequências para o sistema bancário europeu não dão trégua para as economias mundiais: a nota dos títulos de longo prazo da Itália foi rebaixada, anúncio do banco franco-belga Dexia traduziu o fim da linha da primeira vítima da crise da dívida, a liberação de 8 bilhões de euros à Grécia foi adiada, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro foi revisado de 1,2% para 0,1% em 2012 pelo Goldman Sachs. Após o dia tenso, com predomínio de baixas nas bolsas e fuga para o dólar, os mercados sentiram alívio com a decisão dos ministros de finanças da União Europeia de estudar ação coordenada para recapitalizar os bancos. Diante dessa especulação, as bolsas viraram e reverteram fortes perdas.

“Tendo em vista os últimos desdobramentos na Europa é bem provável que um dos canais da contaminação do caso europeu em solo brasileiro se dê via expectativas dos empresários. Instala-se na mentalidade comum que talvez seja melhor esperar. E quando este tipo de sentimento cria raízes é difícil demove-lo”, avaliou Andre Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

A dúvida sobre como a Itália superará a crise levou a agência de classificação de risco Moody's a rebaixar nessa terça-feira, de Aa2 para A2, a nota dos títulos da dívida de longo prazo do país. A perspectiva, informou a agência, é negativa, o que significa que a nota pode sofrer novo rebaixamento. O rating da dívida de curto prazo foi mantido. Ainda assim, a Itália permanece entre os países com grau de investimento com alta qualidade e baixo risco, e três “degraus” acima da nota brasileira (Baa2).

Outra baixa europeia veio do banco franco-belga Dexia, que evidenciou nessa terça-feira que está à beira da asfixia. Três anos depois de escapar da falência graças à ajuda pública, está prestes a sofrer uma cisão do grupo. O Dexia deu a entender que iria isolar uma carteira com 95 bilhões de euros em ativos de risco. A criação de um “bad bank” (banco ruim), uma estrutura para absorver os ativos depreciados, é “uma das possibilidades”, reconheceu o governo belga. Acionistas do banco, França e Bélgica tentaram tranquilizar os mercados, assegurando que garantirão com seus bancos centrais os depósitos e os empréstimos necessárias para salvar do grupo.

No dia tenso, os ministros de Finanças da União Europeia (UE) informaram que estão tentando coordenar a recapitalização das instituições financeiras da região. Reunidos em Luxemburgo, concluíram que não fizeram o suficiente para convencer os mercados de que os bancos europeus podem sobreviver à atual crise e decidiram que medidas adicionais são necessárias.

Freio no PIB

O crescimento econômico da Zona do Euro deverá ser “muito moderado” no segundo semestre de 2011, com os riscos “para baixo”, afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos é “provável” que Trichet corte hoje a taxa de juros do Velho Continente. “Isto também seria uma sinalização importante ao mercado”, disse. (Com agências)

 

 

Tensão continua no mercado

 

Com forte participação de investidores estrangeiros, o mercado brasileiro também sofre as consequências. A volatilidade deu o tom dos negócios no mercado de câmbio e a moeda norte-americana, após quatro dias seguidos de alta, encerrou hoje em ligeira baixa de 0,05%, a R$ 1,889. Logo no início da manhã, a notícia do adiamento da decisão sobre a liberação da próxima parcela do pacote de socorro da Grécia e novos temores sobre a saúde financeira de bancos europeus acentuaram ainda mais os temores com a crise na região.

A pressão no dólar balcão só não foi maior em razão de intervenção do Banco Central (BC). Nessa terça-feira, o BC realizou novo leilão de swap cambial — operação que equivale à venda de dólar no mercado futuro. Dos 90.525 contratos ofertados, 33.150 foram tomados, ou 37% do lote ofertado, movimentando US$ 1,65 bilhão. Com a operação, já são três leilões de swap cambial. A primeira deles aconteceu em 22 de setembro, depois de mais dois anos fora da “caixa de ferramentas” do BC.

O dia foi nebuloso para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), mas as nuvens se dissiparam no final da sessão. O Ibovespa recuou 0,21%, aos 50.686,34 pontos. No mês, acumula perda de 3,13% e, no ano, de 26,86%. O giro financeiro totalizou R$ 7,748 bilhões. As perdas foram bem menos proeminentes e as ações da Petrobras, por exemplo, subiram 0,40% a ON e 0,76% a PN, ambas na máxima. Vale ON caiu 0,89% e a PNA, - 1,05%.

Nos Estados Unidos, o Dow Jones subiu 1,44%, aos 10.808,71 pontos, o S&P avançou 2,25%, aos 1.123,95 pontos, e o Nasdaq ganhou 2,95%, aos 2.404,82 pontos. As bolsas europeias fecharam mais cedo e caíram forte diante do sentimento ruim que predominava até então. A Bolsa de Londres fechou abaixo dos 5 mil pontos pela primeira vez desde julho de 2010. Caiu 2,75% para fechar em 217,46 pontos. Na Alemanha, o índice da bolsa de Frankfurt despencou 2,98%, fechando em 5.216,71 pontos. Na França, a bolsa de Paris recuou 2,61%, chegando a 2.850,55 pontos.

Hoje, os mercados devem abrir sob dois efeitos, segundo Silvio Campos Neto, analista da Tendências Consultoria. O positivo está relacionado à possível coordenação para recapitalizar bancos europeus e, o negativo, ao rebaixamento da Itália. “É provável que prevaleça o primeiro, diante do grau de tensões. No Brasil, será interessante avaliar os dados semanais do fluxo cambial, além de acompanhar os sinais vindos do exterior”, afirmou. (PC, com agências)

 


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