A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta quarta-feira em Bruxelas ser justificável a recapitalização dos bancos europeus, o que seu país fará se for necessário. Merkel fez estas declarações durante uma coletiva de imprensa após o anúncio de que o banco franco-belga Dexia caminha para a falência. É a primeira entidade europeia vítima da crise da dívida.
Acionistas do banco, França e Bélgica se pronunciaram para tranquilizar os mercados. Os países asseguraram que garantiriam com seus bancos centrais os depósitos e empréstimos do grupo até a liquidação que se aproxima.
As principais Bolsas europeias registraram nesta quarta-feira forte alta, após as seguidas quedas, sustentada pela esperança de que a Europa desenvolva um plano coordenado para recapitalizar os bancos e evitar a propagação da crise.
A perspectiva de uma participação maior do que a prevista dos bancos no plano de ajuda à Grécia fragiliza o conjunto do setor bancário europeu. Neste sentido, Merkel afirmou que a Grécia "deve fazer parte da zona do euro, e que uma oportunidade para que ela se recupere deve ser dada".
A chanceler alemã assegurou, durante a coletiva de imprensa acompanhada pelo presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso, que seu país está disposto a modificar o tratado da União Europeia para melhorar o funcionamento da zona do euro e devolver a confiança aos mercados.
"Revisar os tratados europeus não pode ser um tabu", declarou Merkel. Com isso, as principais Bolsas europeias fecharam com fortes altas nesta quarta-feira. Frankfurt liderou a alta, ganhando 4,91% no fechamento. Paris registrou alta de 4,33%, Milão 3,94%, Londres 3,19% e Madri 3,06%.
As ações de bancos foram o destaque da sessão, sustentadas pelas informações de que os responsáveis políticos da União Monetária contemplam um plano coordenado para recapitalizar os bancos.
Na contramão da euforia de mercado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta quarta-feira que "não é possível descartar" uma recessão global em 2012 e pediu que os países europeus evitem frear o crescimento econômico com drásticos planos de austeridade.
É possível que "a atividade econômica caia" em 2012, disse em uma coletiva de imprensa o diretor do Fundo Monetário Internacional para Europa, Antônio Borges, durante a apresentação do Relatório sobre a Economia Europeia divulgado em Bruxelas.