O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, reconheceu nesta quarta-feira em Roma, na presença de chanceleres da América Latina, que a Itália conta com a experiência da região para encontrar soluções para a grave crise econômica que atravessa.
"Todos sabemos que a América Latina é parte da solução e não é o problema. Não é mais uma região frágil, e sim um continente que mostrou ter aprendido com as lições da história", afirmou o ministro italiano ao inaugurar a V Conferência Itália-América Latina.
Chanceleres e representantes de 15 países da América Latina participam na sede da Chancelaria italiana da quinta conferência dedicada às relações entre a Itália e América Latina, que contou com a presença de empresários, ministros e líderes políticos de ambas as regiões.
"Esperamos que a América Latina tenha um protagonismo mais decidido no futuro", disse Frattini, que pediu "maior espaço para as economias emergentes" na elaboração de novas regras para evitar as turbulências dos últimos anos.
"O papel da América Latina em nível internacional adquiriu um novo rosto, em parte graças ao desenvolvimento significativo alcançado nos últimos anos e ao fortalecimento do sistema democrático", acrescentou Frattini.
"A crise econômico-financeira que atinge nossos países precisa de respostas coordenadas", pediu. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, declarou nesta quarta-feira em Roma que o Brasil está disposto a ajudar a Itália e a Europa a enfrentarem a grave crise econômica e financeira que atravessam.
"O Brasil está pronto para colaborar e evitar as graves consequências políticas e sociais da crise internacional", assegurou Mercadante durante seu discurso na V conferência Itália-América Latina. O ministro brasileiro enfatizou que, apesar de preparado, o "Brasil não é uma ilha feliz", que pode evitar os desajustes da crise.
Já o chanceler argentino, Héctor Timerman, ofereceu "ferramentas e modelos nativos" para sair da crise, tal como fez seu país. "Na época, a Argentina se eximiu de imposições e condicionantes externos", disse, sem mencionar os organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"É necessária uma revisão profunda do papel a ser desempenhado pelas instituições financeiras internacionais", reiterou. Para a maioria dos ministros latino-americanos, a integração regional tem sido a solução para vencer a nova crise.
"A região tem sido vítima frequente de corridas bancárias provocadas por capitais especulativos, relatórios das agências de classificação de crédito, lobbies de fundos abutres que atuam entre iguais e diferentes. Por isso, trabalhamos em conjunto para dar respostas regionais a este tipo de práticas desestabilizadoras. Priorizamos a economia real e impulsionamos medidas destinadas a evitar o capital especulativo, os paraísos fiscais e as pressões de terceiros", resumiu Timerman. A conferência de dois dias é organizada a cada dois anos pela chancelaria italiana.